O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chamou de 'idiota' uma repórter que lhe fez uma pergunta sobre uma foto divulgada pelo próprio Palácio do Planalto. Na foto, Bolsonaro aparece com um cartaz que simula um cartão de CPF com a palavra "cancelado", o que normalmente acontece quando uma pessoa morre.
O ataque do presidente da República à jornalista Driele Veiga, da TV Aratu, ocorreu nesta segunda-feira (26), durante visita à Bahia. Bolsonaro foi a Feira de Santana para inaugurar um trecho de 22 km de uma rodovia. Durante a visita, causou aglomeração, circulou sem máscara – o que é proibido – e andou de carro com a porta aberta – o que também é proibido.
A jornalista questionou Bolsonaro sobre as críticas que ele recebeu pela foto do CPF cancelado em um momento em que as mortes pelo novo coronavírus no Brasil se aproximam de 400 mil. O presidente, então, respondeu:
"Você não tem o que perguntar não? Deixa de ser idiota, menina!", disse Bolsonaro.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia disse que lamenta mais uma vez ter que emitir nota para criticar o comportamento do presidente da República Jair Bolsonaro. No texto, o Sinjorba destacou que “não pode deixar de manifestar seu repúdio ao xingamento proferido por ele contra a jornalista Driele Veiga, da TV Aratu, chamada de ‘idiota’ somente por estar exercendo seu ofício que é entrevistar aquele investido em cargo público”.
Não é a primeira vez que Bolsonaro ataca jornalistas. Em 2020, ele e seus filhos fizeram 469 ataques a imprensa, segundo a Repórteres Sem Fronteiras.
Em março deste ano, Bolsonaro foi condenado a indenizar a jornalista Patrícia Campos Mello, do jornal “Folha de S. Paulo”, em R$ 20 mil por danos morais. A jornalista processou Bolsonaro após sofrer um ataque, com cunho sexual, durante entrevista concedida pelo presidente no dia 18 de fevereiro de 2020.
Bolsonaro na Bahia
Essa é a segunda visita do presidente à Bahia neste ano e a nona desde que foi eleito. O presidente Jair Bolsonaro chegou a Salvador na manhã desta segunda-feira, onde seguiu para Feira de Santana para entregar um trecho de 22 km da duplicação da BR-101, entre a Bahia e Sergipe.
O avião presidencial pousou no aeroporto da capital baiana por volta das 10h. De lá, ele seguiu de helicóptero para Conceição do Jacuípe. Em seguida, Bolsonaro foi de carro até Feira de Santana, onde chegou por volta das 11h.
No caminho entre as duas cidades, o presidente causou aglomeração e passeou de carro com a porta aberta, com o corpo parcialmente do lado de fora do veículo.
A ação é uma infração grave, prevista no artigo 235 do Código de Trânsito Brasileiro, que prevê multa e retenção de automóvel para a condução de pessoas, animais ou carga nas partes externas do veículo.
O G1 entrou em contato com o Palácio do Planalto, para saber o posicionamento da instituição sobre a ação, mas ainda não obteve retorno.
Tanto em Conceição do Jacuípe, quanto em Feira de Santana, Bolsonaro apareceu sem máscara, contrariando o decreto estadual que determina o uso obrigatório. O presidente não falou com a imprensa, mas cumprimentou apoiadores nos locais.
Bolsonaro estava acompanhado dos ministros de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e Cidadania, João Roma, que colocaram as máscaras antes de subir no palanque. Durante as falas ao microfone, no entanto, ambos ministros tiraram a proteção.
Ao subir no palco para começar o evento de entrega, o presidente colocou uma máscara. Na hora de sua fala, voltou a tirar o acessório.
BR-101
O trecho entregue pelo presidente é de 22 km e faz parte da duplicação da rodovia federal. A BR-101 é uma das principais do país e é considerada translitorânea por cortar quase todo o litoral leste brasileiro.
Ao todo, o Ministério dos Transportes prevê a duplicação e revitalização de mais de 649 km de rodovia. Essa adequação é executada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Somente na Bahia, o projeto prevê a duplicação de 169,2 km de rodovia.
A BR-101 é rota de escoamento da agroindústria canavieira e indústrias em geral, além do turismo intrarregional e nacional.
Confira nota do Sinjorba na íntegra:
Xingamento de Bolsonaro à jornalista da TV Aratu revela imaturidade e traço autoritário
O Sinjorba (Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia) lamenta mais uma vez ter que emitir nota para criticar o comportamento do presidente da República, Jair Bolsonaro. Mas não pode deixar de manifestar seu repúdio ao xingamento proferido por ele contra a jornalista Driele Veiga, da TV Aratu, chamada de “idiota” somente por estar exercendo seu ofício que é entrevistar aquele investido em cargo público.
Durante a inauguração de um trecho da BR-101, na Bahia, na manhã desta segunda (26), a repórter perguntou ao presidente sobre uma postagem feita por ele na qual aparece segurando uma placa com a expressão CPF CANCELADO, frase normalmente utilizada por bandidos e/ou agentes de segurança (que não compreendem seu papel público) para se referir a quem morreu em confrontos.
O xingamento, na opinião do presidente da entidade, Moacy Neves, revela o traço imaturo e autoritário de Bolsonaro, que não consegue conviver com a crítica, com o contraditório, com a diferença e nem com a obrigação de conceder entrevistas e responder às perguntas dos jornalistas, principalmente se do outro lado estiver uma mulher. “É comum que pessoas imaturas e políticos autoritários ajam com grosseria, falta de educação e violência quando confrontados com seus erros e irresponsabilidades, aumentando o grau de irracionalidade quando se tratar de um homem e do outro lado estiverem as mulheres”, diz ele.
Para Moacy, o presidente Jair Bolsonaro mostra ser totalmente despreparado para exercer cargo público. “A maior autoridade do país não pode incentivar desrespeito aos direitos humanos e nem agir com grosseria com a imprensa, que é os olhos e a forma de comunicação entre os poderes e a sociedade”, diz o sindicalista. Este fato soma-se a centenas de outros ocorridos ao longo de pouco mais de dois anos de mandato, marcados por agressões dele e de seus seguidores aos profissionais do jornalismo e radialismo.
O Sinjorba solidariza-se com a jornalista Driele Veiga e conclama a categoria a se unir em torno da entidade para reagirmos com vigor diante dos abusos de algumas autoridades e seus seguidores contra a imprensa. “Mais do que nunca precisamos defender a democracia brasileira, ameaçada por títeres e viúvas da ditadura militar, que usam leis anacrônicas e os cargos que ocupam para intimidar o exercício da liberdade de imprensa e o ofício de seus trabalhadores”, conclui Moacy Neves.
G1
Portal Santo André em Foco
Make sure you enter all the required information, indicated by an asterisk (*). HTML code is not allowed.