Em busca de palanques estaduais para uma possível candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022, o PT aposta na reaproximação com antigos aliados que se afastaram ou romperam com o partido após o impeachment de 2016. Mesmo onde há resistência a reatar laços, a expectativa petista é ao menos esvaziar alianças do presidente Jair Bolsonaro, induzindo lideranças locais à neutralidade ou até mesmo a uma “terceira via” enxuta.
Entre os alvos do PT estão líderes regionais do MDB, partido que assumiu a presidência com Michel Temer após a derrubada de Dilma Rousseff. Embora o presidente nacional do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), venha afirmando que o partido não apoiará Lula ou Bolsonaro, um líder emedebista disse reservadamente ao GLOBO que já chegou à cúpula do partido uma avaliação pessimista sobre a viabilidade de uma terceira via.
A mesma liderança afirma que, salvo exceções como o Rio Grande do Sul, estado do deputado bolsonarista Osmar Terra, a maioria dos diretórios locais avalia que “não tem chance de ir com Bolsonaro” e que há abertura a uma aproximação com Lula, “a depender dos movimentos que o PT fizer”.
— A gente espera uma grande reorganização de forças, porque o Lula traz uma dimensão diferente. Tem gente que não fala com o PT, mas fala com o Lula — afirma o vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá.
Uma das primeiras sinalizações do MDB veio de Moreira Franco, ex-governador do Rio e ex-ministro dos governos Temer, de quem é aliado próximo, e Dilma. Em março, Moreira disse à newsletter “TAG Report” que “o centro é Lula” em 2022. No Rio, integrantes do partido vislumbram um apoio ao petista ainda que dissociado da chapa ao governo estadual, caso prefeitos emedebistas sigam apoiando o governador Cláudio Castro, aliado de Bolsonaro.
Em 2002, frações do então PMDB fluminense embarcaram na campanha de Lula, embora o partido formasse a chapa estadual do antigo PFL, que apoiava José Serra (PSDB) à Presidência. Em 2014, em sentido contrário, o governador Luiz Fernando Pezão dividiu palanque com Dilma, mas sua base pediu voto para Aécio Neves (PSDB).
Uma das primeiras sinalizações do MDB veio de Moreira Franco, ex-governador do Rio e ex-ministro dos governos Temer, de quem é aliado próximo, e Dilma. Em março, Moreira disse à newsletter “TAG Report” que “o centro é Lula” em 2022. No Rio, integrantes do partido vislumbram um apoio ao petista ainda que dissociado da chapa ao governo estadual, caso prefeitos emedebistas sigam apoiando o governador Cláudio Castro, aliado de Bolsonaro.
Em 2002, frações do então PMDB fluminense embarcaram na campanha de Lula, embora o partido formasse a chapa estadual do antigo PFL, que apoiava José Serra (PSDB) à Presidência. Em 2014, em sentido contrário, o governador Luiz Fernando Pezão dividiu palanque com Dilma, mas sua base pediu voto para Aécio Neves (PSDB).
Em Minas, a reconciliação entre PT e MDB passa por uma aliança com o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), cotado para concorrer ao governo. O MDB costura indicar Julvan Lacerda, presidente da Associação Mineira de Municípios, como vice de Kalil ou ao Senado na mesma chapa. A equação também envolve uma possível vaga para Agostinho Patrus (PV), presidente da Assembleia Legislativa, que tem boa relação com o PT local. Em fevereiro, lideranças petistas se reuniram com Kalil e Patrus.
A composição em Minas selaria a paz após o racha local em 2018, quando o então governador petista Fernando Pimentel rompeu com o MDB ao lançar a ex-presidente Dilma ao Senado.
Em outros estados, o partido aposta no bom relacionamento que lideranças de siglas como PP e PL tiveram com Lula. No Amazonas, por exemplo, o PT mira o senador Eduardo Braga (MDB) e o deputado Marcelo Ramos (PL), que ocuparam cargos nos governos petistas antes de compor a base do governo Bolsonaro. Pesa a favor da aliança uma pesquisa local, de março, que apontou Lula à frente de Bolsonaro, inclusive na capital Manaus.
Na Paraíba, o PT pôs no radar das conversas o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), ex-ministro do governo Dilma. Neste caso, a costura exigiria uma reconciliação envolvendo também o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), próximo à cúpula nacional petista, mas rompido com o PT paraibano e com o atual governador João Azevêdo (Cidadania), aliado local do PP.
Neste primeiro momento, Lula deu aval para que o PT abra mão de candidaturas majoritárias nos estados onde não tiver favoritismo, priorizando composições para a chapa presidencial.
Os maiores impasses com velhos aliados vêm da região Sul. A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, faz oposição no Paraná ao governador Ratinho Jr. (PSD), a quem vê como aliado de primeira hora de Bolsonaro. Ratinho foi da base do governo Dilma quando foi deputado.
Em Santa Catarina, o ex-governador Raimundo Colombo (PSD), um dos cotados para concorrer ao governo, se mantém distante do bolsonarismo dentro da sigla, mas nega interesse em reeditar a aliança feita com o PT em 2014.
— Claro que Lula é competitivo, mas o PT tem menor entrada aqui. Penso que o Brasil deve andar para frente de forma diferente — afirma.
O Globo
Portal Santo André em Foco
Make sure you enter all the required information, indicated by an asterisk (*). HTML code is not allowed.