O presidente Jair Bolsonaro defendeu nesta quinta-feira (9) que se chegue a um "meio termo" nos decretos de restrição de circulação de pessoas e fechamento de negócios impostos por governadores e prefeitos para conter a circulação do novo coronavírus, de forma a evitar que mais empregos sejam perdidos no Brasil.
Em sua transmissão semanal ao vivo pelas redes sociais, o presidente baixou o tom em relação aos seguidos ataques que vinha fazendo desde o início da pandemia às medidas de restrição, reconhecendo que o Brasil atravessa uma situação "bastante complicada".
“Eu gostaria que aqueles que acham que podem fechar sem se preocupar com o desemprego visitem as comunidades, entrem na casa delas, vejam o que tem dentro da geladeira, como sobrevivem, para ver se a gente vai para o meio-termo, pelo menos, no tocante a evitar que empregos sejam destruídos cada vez mais em nosso Brasil”, disse Bolsonaro.
O presidente tem travado uma disputa com governadores e prefeitos desde o ano passado devido às medidas de restrição adotadas pelos Estados e municípios, como fechamento do comércio e de bares e restaurantes, para conter o avanço da pandemia mediante a superlotação de hospitais devido à covid-19.
No mês passado, Bolsonaro chegou a lançar uma ofensiva no STF (Supremo Tribunal Federal) contra medidas estaduais e ameaçou inclusive tomar "medidas duras" se a ação não prosperasse. A ação do presidente acabou por fracassar no STF.
Segundo o presidente, os efeitos colaterais do combate à pandemia não podem ser piores do que o próprio vírus, que ele já descreveu como uma gripezinha. O Brasil, no entanto, é o segundo país do mundo com mais mortes causadas pela doença, com mais de 345 mil, e bateu nesta quinta-feira (8) um novo recorde em 24 horas, com 4.249 óbitos por covid-19.
Bolsonaro, que também recuou em relação a sua objeção inicial às vacinas, agradeceu o empenho de todos que tem trabalhado na campanha de imunização brasileira e disse ser contra a paralisação da imunização em feriados e finais de semana, conforme relatada em algumas cidades, "quando se está em crise e situação bastante complicada como essa da covid".
O presidente ainda defendeu uma participação maior das Forças Armadas na campanha de imunização, dizendo que será estudado junto ao Ministério da Saúde o envio de doses diretamente a unidades militares para aplicação.
"Em chegando [vacinas] para as Forcas Armadas, nós cumpriremos essa missão. Nós vamos estudar na semana que vem junto ao ministro da Saúde para ver se parte das vacinas começa a ser distribuída para unidades militares, porque aí nós daremos a devida velocidade a esse processo de vacinação", afirmou.
Até o momento, segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil distribuiu 45,2 milhões de doses de imunizantes da covid-19 aos Estados, das quais 24,8 milhões foram aplicadas. Governadores afirmam que vacinas estão sendo guardadas para aplicar a segunda dose, uma vez que não há garantia por parte do governo federal de envio de mais imunizantes. O Brasil vacinou por enquanto 19,2 milhões de pessoas com a primeira dose (9,1% da população) e 5,5 milhões com a segunda (2,6% da população).
Reuters
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