Contrário às medidas de fechamento para conter disseminação do novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quinta-feira (25), que espera que as políticas de lockdown sejam "atenuadas ou extintas" daqui a três meses. O prazo foi indicado após o presidente comentar a decisão do Ministério da Economia de adiar o recolhimento de tributos para empresas do Simples Nacional nos meses de abril, maio e junho.
"O governo federal via Ministério da Economia anunciou o diferimento, o atraso, da contribuição do Simples Nacional por três meses. Isso o governo abre mão nesses três meses de receber R$ 27 bilhões", disse em transmissão ao vivo nas redes sociais nesta noite.
"Mas, em contrapartida, depois do fim do terceiro mês, no quarto (mês) vai ter seis meses para pagar o que (o governo) deixou de receber. Espero que até lá a economia volte e as políticas de lockdown sejam atenuadas ou extintas", acrescentou.
Em sua live semanal, o presidente afirmou que o "governo federal manteve viva a economia ano passado". Ele destacou medidas para a manutenção do emprego, como o Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte) e o BEm (Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda) que terão novas fases.
"O BEm, que é o benefício emergencial e permite acordos entre patrões e empregados, está na iminência de sair, ser publicado", comentou. "Vai atingir diretamente 11 milhões de pessoas que poderão fazer acordos com seus patrões fazendo com que seus empregos sejam mantidos", disse o presidente.
Bolsonaro ressaltou que o Pronampe, que é um programa de crédito para pequenas empresas, ajudará em especial donos de negócios afetados por medidas de fechamento. "Vai ajudar diretamente grande parte daquele pessoal que trabalha em restaurantes e hotéis, que com essas políticas de fica em casa tirou-lhes o emprego (sic)", afirmou.
O presidente também reiterou que, uma vez aprovado o Orçamento de 2021, o governo antecipará o pagamento do 13º salário para beneficiários do INSS. O texto-base da Lei de Orçamentária Anual 2021 foi aprovado nesta noite pelos deputados, que agora analisam os destaques à proposta. "Caso seja votado hoje, nos próximos dias vamos antecipar o pagamento do 13º salário, a primeira parcela, dos aposentados e pensionistas do INSS", informou o presidente.
Propaganda da cloroquina
Bolsonaro também voltou a fazer propaganda da cloroquina, ao comentar a possiblidade de ser reinfectado com o coronavírus. Em uma live de apenas 20 minutos, ao contrário de transmissões anteriores superiores a 1 hora, Bolsonaro fez apenas uma defesa discreta dos medicamentos, sem citá-los, dizendo que voltará a tomá-los caso seja reinfectado.
"Não tem um medicamento certo para isso ainda de forma clara, não existe medicamento para isso, mas o médico tem alternativas e pode salvar a sua vida com essa alternativa", disse o presidente.
"Se eu, por ventura, for reinfectado, eu já tenho meu médico e já sei o que ele vai receitar para mim, o que me salvou lá atrás", acrescentou o presidente, que fez uma forte defesa da hidroxicloroquina quando contraiu a Covid-19 no ano passado.
Anteriormente, Bolsonaro costumava alegar que já tinha sido infectado pela doença quanto questionado porque não usava máscara e não mantinha distanciamento social, mas ultimamente o presidente passou a usar máscaras, em uma mudança de posicionamento em meio ao aumento das críticas.
A mudança nesse comportamento do presidente coincide também com a chegada do novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que tem defendido a importância da ciência no combate à pandemia, incluindo pontos básicos e simples como, justamente, o uso de máscaras.
Na véspera, em sua primeira entrevista coletiva, Queiroga afirmou que o Brasil tem que "olhar para frente" e buscar o que existe de comprovado, ao ser questionado a respeito do uso da cloroquina.
Na segunda-feira, a AMB (Associação Médica Brasileira) afirmou que a utilização dos medicamentos hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina deve ser banida do combate à pandemia, destacando que esses remédios não possuem eficácia científica comprovada no tratamento ou prevenção da Covid-19.
Agência Estado
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