No dia em que o país atingiu novo recorde de mortes pela Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar medidas restritivas adotadas pelos estados e a rivalizar com o governador de São Paulo, João Doria. Bolsonaro disse que, por ele, o Brasil "nunca" adotaria o 'lockdown', usado para restringir a circulação nos picos da pandemia do novo coronavírus.
Nesta quarta-feira, o governo de São Paulo informou que o estado entrará na fase vermelha do plano contra a Covid-19. Ao anunciar a decisão, João Doria afirmou que o sistema de saúde está à beira do colapso, com um pedido de internação pela doença a cada dois minutos. Questionado sobre o assunto, o Presidente da República disse não ter tomado conhecimento da medida.
- Eu falo que vírus e desemprego são dois problemas, tem que tratar junto. Eu não tomei conhecimento do lockdown desse cidadão, não (...) O povo que diga quem está certo - reagiu Bolsonaro ao ser questionado por um apoiador sobre o 'lockdown' em SP.
Na mesma conversa, ao chegar no Palácio da Alvorada, o presidente se posicionou novamente contra o lockdown. De acordo com Bolsonaro, a política "não deu certo em lugar nenhum do mundo". A medida restritiva, entretanto, é utilizada atualmente em países europeus como Alemanha e Portugal para conter a propagação do vírus.
- No que depender de mim, nunca teríamos lockdown. Nunca. É uma política que não deu certo em lugar nenhum do mundo. (Nos) Estados Unidos vários estados anunciaram que não tem mais. Mas não quero polemizar esse assunto aí - declarou Bolsonaro.
Apesar de já ter sido desmentido publicamente pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro repetiu que as decisões durante a pandemia são restritas aos governadores e prefeitos.
- Tem bastante gente que nem da informalidade está vivendo muito, perdeu tudo. O cara que vendia picolé em estádio de futebol, não vende mais. Alguns proíbem o cara de ir na praia, a praia que é o lugar do cara pegar vitamina D, que ajuda a resistir ao covid. O cara tira da praia, é um festival de absurdos. Mas a decisão disso tudo está na mão de prefeitos e governadores, de acordo com decisão do STF - disse.
Na última segunda-feira, diante do aumento expressivo de casos da Covid-19 no país, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) defendeu que haja endurecimento de medidas de restrição, com toque de recolher nacional das 20h às 6h, incluindo finais de semana.
Em nota, os gestores pediram ainda o fechamento de praias e bares, e que as autoridades instituam barreiras sanitárias nacionais e internacionais, considerando inclusive "fechamento dos aeroportos e do transporte interestadual".
Reuters
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