Novembro 28, 2024

Com mortes por Covid batendo recorde, Bolsonaro diz que povo não consegue mais ficar dentro de casa Featured

Um dia depois de o Brasil registrar 1.582 óbitos por Covid-19, o pior número de mortes em 24 horas de toda a pandemia, o presidente Jair Bolsonaro participou na tarde desta sexta-feira de um evento em Tianguá (CE), onde provocou aglomeração e declarou que "o povo não consegue mais ficar dentro de casa". Sem máscara, ele respondeu a críticas de políticos e sugeriu que seus opositores vão "para o meio do povo" como ele.

Já são 251.661 vidas perdidas e 10.393.886 de pessoas infectadas pelo novo coronavírus, segundo os dados compilados pelo consórcio formado por O GLOBO, Extra, G1, Folha de S.Paulo, UOL e O Estado de S. Paulo, com informações das secretarias estaduais de Saúde. Nesta sexta, especialistas alertaram para a possibilidade de um colapso nacional do sistema de saúde, com diversos estados registrando ao mesmo tempo ocupação máxima dos leitos exclusivos para pacientes com Covid-19.

— A satisfação de estar no meio de vocês não tem preço. Aos políticos que me criticam, sugiro que façam o que eu faço. Tenho um prazer muito grande de estar no meio de vocês. Dizer a esses políticos do Executivo, o que eu mais ouvi por aqui é: "presidente, eu quero trabalhar". O povo não consegue mais ficar dentro de casa. O povo quer trabalhar. Esses que fecham tudo e destroem empregos estão na contramão daquilo que seu povo quer. Não me critiquem, vá para o meio do povo, mesmo depois das eleições. Porque durante as eleições é muito fácil, eu quero ver é depois — disse Bolsonaro, durante breve discurso na cerimônia de assinatura de ordens de serviço de obras federais na região do município cearense.

Na noite de quinta, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), usou as redes sociais para se manifestar sobre a ida do presidente ao estado e informou que não estaria presente a nenhum dos eventos previstos "diante da real possibilidade de muitas aglomerações". Segundo o chefe do Executivo estadual, trata-se de algo "frontalmente contrário à gravíssima crise sanitária que vivemos neste momento, com o aumento preocupante de casos e óbitos". "Tenho todo respeito à autoridade, mas não posso compactuar com aquilo que considero um grave equívoco", escreveu.

Em meio ao discurso do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, a plateia presente na solenidade gritou repetidamente "fora, Camilo". Bolsonaro falou na sequência.

O presidente disse ainda que se sente fortalecido quando vai ao Nordeste e se sente feliz ao lado de "um povo tão sincero, leal e patriota". Queixando-se de ataques que recebe, ele afirmou que governa o país com muito orgulho e não reclama das dificuldades. E prometeu entregar um país melhor do que recebeu há pouco mais de dois anos, mesmo com a pandemia que atingiu o Brasil e o mundo.

— Ataques acontecem praticamente 24 horas por dia. Mas entre estes que me atacam e vocês, vocês estão muito na frente. Não me vão fazer desistir, porque afinal de contas eu sou imbrochável. Tenho certeza que quando deixar meu governo, entregarei um Brasil, apesar da pandemia, muito, mas muito melhor do que aquele que recebi em janeiro de 2019 — declarou.

Ao fim de sua fala, ele também comentou a conquista do Campeonato Brasileiro de futebol pelo Flamengo, selada na noite de quinta, e disse ter certeza de que hoje também é Flamengo.

O Globo
Portal Santo André em Foco

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