O presidente Jair Bolsonaro recebe nesta sexta-feira sete membros do Conselho Político do Patriota e deve começar oficialmente as negociações para se filiar à sigla. O compromisso não consta na agenda oficial do presidente, mas foi confirmada por integrantes da sigla. Bolsonaro diz estar de “namoro” com o partido pelo qual não esconde a preferência para disputar a reeleição em 2022. A intenção do presidente e de seu grupo é assumir o controle do Patriota, mas um racha na cúpula da legenda ameaça os planos do chefe do Executivo.
Presidente do Patriota, Adilson Barroso, não esconde o desejo de ter Bolsonaro no partido, mas insiste que, apesar de o presidente falar em ‘namoro”, nada avançou. O dirigente da legenda, que está em Brasília, confirmou a reunião com os conselheiros, entre eles o líder do Patriota na Câmara, Fred Costa (MG), mas negou sua participação, dizendo que não foi convidado.
— Ele (Bolsonaro) pode estar paquerando. Não é namoro ainda. Se ele chamar para namorar, vamos conversar — disse o presidente do Patriota.
Barroso diz querer retomar a história interrompida em fevereiro de 2018. No ano anterior, ele havia mudado o nome da sigla de Partido Ecológico Nacional (PEN) para Patriota para receber o então deputado federal como candidato à Presidência. Após interferência do advogado Gustavo Bebianno, ex-ministro morto em 2020, Bolsonaro se filiou ao PSL.
— Agora, se der certo, não tem essa de namoro mais não. Tem que ir direto para o cartório. Já conhece, então tem que casar logo de papel passado — disse Barroso.
Na segunda-feira, em entrevista à TV Band, Bolsonaro disse que quer definir sua nova legenda em março e que está “namorando alguns partidos, dentre eles, um tal de Patriota”. O presidente, disse então, que não poderá ir para um partido que não seja “autoridade”, como ocorreu no PSL.
Na época, Bolsonaro e Bebianno só negociaram ficar no comando do PSL durante o período eleitoral. Após a disputa, o partido nanico virou a segunda maior bancada federal com um fundo partidário que pode chegar a R$ 500 milhões até 2022. A briga pelo controle do caixa culminou na saída do presidente do partido em novembro de 2019.
A filiação de Bolsonaro, no entanto, não depende apenas de Barroso, que atualmente não tem maioria na sigla. Em 2018, o Patriota, para cumprir a cláusula de barreira e ter direito ao fundo partidário, anunciou a fusão com o PRP, controlado por Ovasco Resende. Barroso, embora se mantenha na presidência, tem apenas cerca de 30% da sigla, enquanto Resende domina 50%. Os cerca de 20% restante estão nas mãos de parlamentares.
Vice-presidente do Patriota, Resende sinaliza que não está disposto a entregar o controle da legenda para Bolsonaro. Em entrevista à revista "Época", o dirigente afirmou que tudo deverá ser decidido pelos integrantes do partido, mas não cogita entregar o poder.
— Trabalhamos com construção e com o tempo, que vai alinhavando uma relação. Não existe possibilidade nenhuma de qualquer liderança vir para tomar o comando do partido. Isso é fora de qualquer mesa de conversa. Ou se confia no partido para o qual você vem ou não. Somos um partido sério disse Ovasco Resende. disse Ovasco Resende.
O Globo
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