Após três partidos anunciarem apoio ao senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) para a presidência do Senado, o MDB derrapa nas tentativas de conter novas alianças do seu principal adversário. e ainda com a sinalização de que o governo apoiará Pacheco.
Em outro revés, o líder do partido no Senado, Eduardo Braga (AM), que também almeja o cargo, procurou senadores do PT para pedir que adiassem um possível acordo com o DEM, mas não convenceu.
De acordo com aliados do atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), Bolsonaro deixou claro desde o fim do ano passado que apoiaria o candidato escolhido por ele. Na avaliação de pessoas próximas a Alcolumbre, Bolsonaro manteve a sua palavra ontem durante a conversa com Bezerra.
Pacheco também conta com a simpatia do senador Flávio Bolsonaro (RJ). Ontem, o Republicanos, partido de Flávio, anunciou apoio a ele. Com isso, o candidato do DEM já possui o endosso do PSD (11 senadores), Pros (3) e Republicanos (3). A tendência é que, nos próximos dias, ele também receba apoio de siglas como PDT, PT e PL. Somadas ao DEM, se votassem sem traições, as legendas garantiriam a maioria necessária (41 votos) para a vitória do candidato.
Efeito manada
Foi justamente o apoio do PSD, segunda maior bancada do Senado, no início da semana, que acendeu um alerta entre os emedebistas. Até então, a previsão era que eles só anunciassem o seu candidato no fim do mês, como é tradição na legenda, mas a decisão deve ser antecipada para a próxima quarta-feira.
Para tentar conter um efeito manada antes mesmo da definição do candidato do MDB, o líder da bancada atuou para que o PT não anunciasse na última quinta-feira o apoio ao DEM. Braga convidou a bancada para uma conversa ontem e pediu para que aguardassem a escolha do MDB, mas não teve sucesso. O anúncio deve ser feito na próxima segunda-feira.
Cálculo petista
Na visão dos petistas, o MDB está muito dividido, o que atrapalha. Além disso, eles gostam do perfil de atuação de Alcolumbre, mesmo diante da sua proximidade com o governo. Calculam ainda que apoiar o candidato do DEM com antecedência vai garantir maior poder de negociação por espaço em comissões e na Mesa Diretora.
O senador Humberto Costa (PT-PE) avalia que, apesar do pleito de Braga para que adiem a decisão, dificilmente a legenda vai mudar a data:
— Infelizmente ele (Braga) não pôde anunciar o candidato, pois a reunião do MDB vai ser ainda na quarta-feira. Ele falou mais como líder do que como candidato, então tinha uma limitação nesse discurso. Mas Braga colocou que, caso ele fosse escolhido, iria pela defesa da independência, do Estado de Direito. Foi conversa boa.
Maior partido da Casa, com 13 senadores, o MDB está decidido a lançar candidatura própria. Entre os cotados estão Eduardo Braga, Simone Tebet (MS), Fernando Bezerra, e o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (TO). A sinalização de Bolsonaro de apoio a Pacheco, entretanto, favorece os nomes que mantém um distanciamento maior do Planalto, como Simone e Braga, que poderiam surgir como uma alternativa.
A bancada do Podemos, com nove senadores, deve se aliar ao PSDB, que tem sete, para firmar uma posição até o dia 15. A tendência é apoiar o MDB, mas isto dependerá da definição do candidato do partido. Neste cenário, Simone Tebet pode se beneficiar, já que ela mantém boa relação com o movimento Muda Senado, que tem diversos membros do Podemos, e também circula bem no PSDB. Há, ainda, a possibilidade de a decisão ser ampliada para um bloco com Rede, Cidadania e PSL.
Já o PP, que possui sete senadores, sinalizou simpatia por Pacheco, mas só deve tomar uma decisão a partir do dia 11 de janeiro. O presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI), chegou a tentar um acordo com o MDB em troca do apoio ao candidato da legenda, Arthur Lira (AL) na Câmara, mas Baleia Rossi (MDB-SP) acabou lançando a sua candidatura na outra Casa.
O Globo
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