O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro afirmou, em depoimento à Polícia Federal, ter ouvido de outros ministros do Palácio do Planalto que o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, é ligado ao chamado "gabinete do ódio".
Moro falou à PF como testemunha, no último dia 12, no inquérito que investiga a organização de atos antidemocráticos no Supremo Tribunal Federal (STF).
O ex-ministro afirmou que “havia comentários correntes de pessoas de dentro do governo da existência do denominado gabinete do ódio”, mas que não tratou desse assunto enquanto estava no cargo.
"Gabinete do ódio" é como vem sendo chamado um grupo que atuaria no Palácio do Planalto com o objetivo de atacar desafetos do governo Bolsonaro.
Segundo o ex-ministro, os nomes do vereador Carlos Bolsonaro e Tercio Arnaud, assessor especial da Presidência da República, “eram normalmente relacionadas ao denominado gabinete do ódio”. Moro diz que tomou conhecimento disso por meio de “comentários entre ministros do governo” – em suas palavras, “ministros palacianos”.
Tercio Arnaud Tomaz já foi assessor de Carlos Bolsonaro, filho do presidente, na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. Hoje é assessor especial de Jair Bolsonaro, com gabinete no Palácio do Planalto, salário de quase R$ 14 mil por mês e apartamento funcional.
No Twitter, Carlos Bolsonaro afirmou que “não há qualificação para mais essa tentativa boçal”. “Saudades de viver em um mundo onde homens eram homens!”
Ataques nas redes
No depoimento do último dia 12, Moro disse à PF que ao sair do ministério, sofreu ataques nas redes sociais. Em seguida, o ex-ministro afirmou que "chegou ao seu conhecimento que tais ataques eram oriundos do denominado gabinete do ódio", mas não soube quem seriam os autores.
Moro sugeriu que “melhores esclarecimentos possam ser prestados por ministros que atuavam dentro do Palácio do Planalto”.
Perguntado se a tal estrutura teria sido usada para “tentar impedir, com emprego de violência ou grave ameaça, o livre exercício de qualquer dos Poderes da União ou dos Estados”, Moro respondeu que tinha “conhecimento de uma animosidade entre o presidente da República e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia".
Moro disse ter conhecimento de que Maia sofria ataques nas redes sociais, mas também não soube confirmar se eles eram originados do governo ou de pessoas ligadas ao governo federal.
O ex-ministro declarou desconhecer a utilização direta de recursos públicos nessas atividades e que “é necessário verificar se houve a utilização de servidores públicos para tal finalidade”.
G1
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