Novembro 27, 2024

Bolsonaro ignora ex-mulher e promove 58 candidatos em sua live eleitoral, dez deles do DEM Featured

A “propaganda eleitoral gratuita” que o presidente Jair Bolsonaro tem promovido em transmissões ao vivo pela internet já serviu, até esta quinta-feira, de palanque para 58 candidatos de 14 diferentes partidos. Destes, o DEM, do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), é o que abarca mais apoiados por Bolsonaro, com dez candidatos. Na sequência aparece o PRTB, do vice-presidente Hamilton Mourão, com nove, seguido de Republicanos e Patriota, com oito cada um.

Os candidatos indicados para disputar prefeituras nas principais capitais estão em situação difícil. Celso Russomanno, em São Paulo, e Marcelo Crivella, no Rio, ambos do Republicanos, disputam uma vaga no segundo turno em empate técnico com outros candidatos, enquanto os demais apontados pelo presidente, como Bruno Engler (PRTB), em Belo Horizonte, e Coronel Menezes (Patriota), em Manaus, estão longe dos líderes. Capitão Wagner (PROS), em Fortaleza (CE), é, dentre os apoiados, o candidato mais próximo de garantir o seu lugar na fase final da disputa.

Pesquisas do Datafolha no Rio e em São Paulo mostram uma queda de popularidade do presidente nas duas cidades. Na capital fluminense, a avaliação da gestão de Bolsonaro como ótima ou boa caiu seis pontos percentuais em uma semana, de 34% para 28%, enquanto a avaliação negativa (ruim ou péssimo) subiu para 42%. Na capital paulista, por sua vez, a rejeição chegou a 50%.

Na reta final da campanha, Bolsonaro passou a transmitir lives diárias para impulsionar seus candidatos, contrariando o discurso que vinha fazendo de não participar do primeiro turno das eleições. Sem partido desde novembro do ano passado, quando se desfiliou do PSL após uma briga pelo controle da legenda, o presidente explicou que não escolhia a quem dar apoio pelas siglas, mas fez questão de pedir que os seus seguidores não votassem em partidos de esquerda.

Ao citar uma aspirante à prefeitura de Porto Alegre, por exemplo, evitou mencionar o nome de Manuela D’Ávila e pediu que não os eleitores não votassem em candidatos do PCdoB. Na transmissão de 29 de outubro, primeira em que entra oficialmente no pleito municipal, o presidente afirmou que durante uma visita ao Maranhão, governado por Flávio Dino, ouviu apelos de seus eleitores da necessidade de “acabar com o comunismo”.

Homens são maioria

Candidatos homens representam 70% das indicações de Bolsonaro; são 41 ante 17 mulheres. Uma delas é a única do grupo postulante ao Senado, a Coronel Fernanda (Patriota), que tenta uma vaga na eleição suplementar que será realizada em Mato Grosso. Em uma das transmissões, ao lado da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o presidente ironizou quem o chama de misógino ao indicar uma candidata a vereadora:

— Pessoal disse que eu era misógino... O que é misógino? Quem não gosta de mulher, né?

Ao citar nominalmente os candidatos, Bolsonaro quase sempre apresenta uma imagem com a foto do concorrente ao lado dele e o número de urna. Em alguns casos, o presidente recebeu sugestões de seus ministros, secretários e até mesmo ajudantes. Tereza Cristina chegou a mencionar o nome de uma subtenente que disputa o cargo de vereadora em Campo Grande (MS).

O presidente da Embratur, Gilson Machado Neto, que também já participou dessas transmissões, passou uma lista de indicações para cargos de vereador e prefeitos. O mesmo ocorreu com o deputado federal Hélio Lopes (PSL-RJ); o assessor especial Tércio Arnaud; e até mesmo o chefe da Ajudância de Ordens da Presidência, tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid.

Essa dinâmica garantiu indicações nas cinco regiões do país, sendo 16 estados citados. Pernambuco, terra de Gilson Machado, é o que tem mais candidatos apoiados (12), seguido pela Paraíba (10). O resultado é semelhante entre as cidades: Recife tem sete candidatos e Campina Grande, cinco.

Dentre os candidatos a Câmaras de Vereadores, 13 exibem em seus números o 38 escolhido para o Aliança pelo Brasil, partido que Bolsonaro tenta criar desde a saída do PSL.

Ao justificar seu apoio, o presidente dá motivos variados, como gratidão a um candidato que o ajudou a organizar “um movimento de aeroporto” na pré-campanha para as eleições de 2018, em Fortaleza. Ele cita ainda, por exemplo, uma candidata a vereadora em São Paulo que trabalhou no gabinete do seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). O presidente também acatou a indicação de Gilson Machado para “fazer o vereador mais votado na cidade do Lula”, Garanhuns (PE).

No Rio, o único apoio dado por Bolsonaro a um candidato a vereador foi a seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), que tenta o sexto mandato consecutivo na Câmara. O GLOBO apurou que o presidente se recusou a recomendar o voto a sua ex-mulher, Rogéria, mãe dos seus três filhos mais velhos, também candidata a vereadora.

Mudança de rumo

Bolsonaro havia dito, diversas vezes, que não se envolveria no primeiro turno das eleições municipais alegando já ter muito trabalho. Na última segunda-feira, justificou a mudança de posição argumentando que é preciso impedir a vitória de candidatos de oposição:

— Lá atrás, eu falei que não queria me envolver nas eleições municipais, mas em alguns municípios eu me vi no dever de me apresentar, até como gratidão aos candidatos, e bem como para evitar que esses municípios caiam na mão de pessoas que vão fazer oposição a gente.

Ao mesmo tempo, ele diz que o apoio não garante vitória:

— Ao anunciar aqui, não é certeza que ninguém vai se eleger. Agente está procurando dar uma pequena força para ele, a grande força vai ser do próprio candidato, bem como do entendimento da população.

O Globo
Portal Santo André em Foco

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