Alinhado ideologicamente com Donald Trump, o presidente Jair Bolsonaro é aconselhado a ter cautela com o resultado das eleições nos Estados Unidos que acontece nesta terça-feira (3) — principalmente se Trump vier a judicializar o processo eleitoral americano em caso de derrota apertada para Joe Biden.
Dentro do governo, a ordem é não antecipar nenhuma avaliação sobre um resultado eleitoral nos EUA.
Primeiro, porque o democrata Biden hoje está à frente nas pesquisas. Segundo, porque uma judicialização da eleição americana, como já vem ameaçando Trump, não significa vantagem para o republicano. Pode só criar mais incertezas e prejuízos para quem se posicionar em favor de um dos lados.
Bolsonaro já manifestou explicitamente apoio à reeleição de Donald Trump. Gostaria de apoiá-lo publicamente novamente até no dia da eleição. E isso pode até acontecer diante do estilo do brasileiro. Mas assessores avaliam que o melhor caminho neste momento é manter a cautela e esperar o resultado final.
A avaliação é que, se o democrata Biden vencer, o país precisa logo em seguida já sinalizar que deseja manter uma parceria preferencial com os Estados Unidos.
Com Trump, pelas ligações entre o brasileiro e o norte-americano, era mais fácil. Com Biden o cenário pode ser mais complicado e de maiores cobranças, principalmente na área ambiental.
Nesse cenário, a China continuará sendo um elemento importante nas nossas relações diplomáticas.
Se Trump vencer, o Brasil vai continuar alinhado aos Estados Unidos na guerra contra os chineses.
Só que assessores presidenciais querem que, independentemente de quem ganhe nos EUA, o ideal é o governo brasileiro aproveitar o momento e mudar sua relação com a China.
Assessores presidenciais lembram que, neste ano, o saldo comercial com a China será o maior de toda a história do Brasil com outro país.
Por outro lado, o comércio com os Estados Unidos caiu ao longo dos últimos meses e deve registrar déficit.
Ou seja, o alinhamento ideológico com os Estados Unidos está rendendo prejuízo ao Brasil, enquanto — mesmo com uma atitude mais beligerante com os chineses — o comércio com o país asiático está em alta.
Isso, na avaliação de assessores, deveria ser levado em conta a partir de agora, seja qual for o resultado da eleição americana.
G1
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