O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (1º) que admite receber recursos do exterior para a Amazônia se o país que oferecer ajuda tiver "exatamente os mesmos ideais" dele sobre democracia e liberdade.
Bolsonaro deu a declaração ao participar de uma cerimônia no Palácio do Planalto, na qual o governo anunciou um programa que promete levar internet banda larga para municípios da Região Norte — de acordo com o governo, a primeira etapa do programa prevê a instalação de fibra ótica para interligar quatro municípios: Macapá (AP), Alenquer, Almeirim e Santarém (PA) com investimento inicial de R$ 42 milhões.
"É desta forma que nós vamos integrando realmente a Amazônia, com recursos próprios. E, se um dia nós precisarmos de recursos de outros países, poderemos aceitá-los, mas serão de países que tenham exatamente os mesmos ideais nossos, de democracia e liberdade", declarou o presidente no evento.
"Somente desta forma é que nós podemos dizer que a nossa Amazônia será integrada ao nosso país", acrescentou Bolsonaro.
Em agosto do ano passado, Alemanha e Noruega suspenderam repasses para o Fundo Amazônia. Na ocasião, Bolsonaro desdenhou da decisão. "A Noruega não é aquela que mata baleia lá em cima, no Polo Norte, não? Que explora petróleo também lá? Não tem nada a dar exemplo para nós. Pega a grana e ajude a Angela Merkel a reflorestar a Alemanha", afirmou na ocasião.
Os repasses dos dois países somavam, na época, R$ 288 milhões. A proposta de Orçamento para 2021 que o governo enviou nesta semana ao Congresso prevê para o Ministério do Meio Ambiente R$ 534 milhões em verba discricionária (despesa não obrigatória, que o governo manejar livremente, para investimentos, por exemplo).
Nos dois casos, os países apresentaram como argumentos a forma como o governo Bolsonaro lida com a questão ambiental. Bolsonaro também entrou em atrito com a França na área ambiental.
'Pressão' sobre o Brasil
No mês passado, em uma entrevista coletiva à imprensa, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que o Brasil tem sofrido "pressão" por parte de países que, na opinião dele, "não fizeram o trabalho" de preservar as próprias florestas.
"Às vezes, a gente sofre determinadas pressões oriundas de países que não fizeram o trabalho deles em outro período da história", disse Mourão.
Em uma videoconferência, também no mês passado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, pediu a investidores estrangeiros que fossem "gentis" com o Brasil, uma vez que, segundo ele, destruíram as próprias florestas.
"Eu só peço que vocês sejam gentis, pois nós somos muito gentis. Nós entendemos sua preocupação. Tendo vivido tudo o que vocês viveram, vocês querem nos poupar de destruir nossas florestas, como vocês destruíram as de vocês. Vocês querem nos poupar de perseguir índios, nativos. Nós entendemos isso", declarou Guedes na ocasião.
G1
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