A investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR) detectou que o governador afastado do Rio Wilson Witzel usou dinheiro vivo para pagar contas de alto valor, superiores a R$ 1.000. Na avaliação da PGR, essa prática é um indício da lavagem de dinheiro e se assemelha ao esquema usado pelo ex-governador Sergio Cabral (MDB).
Essas informações foram obtidas durante busca e apreensão realizada contra Witzel no fim de maio. Investigadores da Polícia Federal e da PGR apreenderam diversos comprovantes de pagamentos de boletos em dinheiro vivo. Ao menos sete boletos superiores a R$ 1 mil em nome do governador foram localizados, além de diversos boletos em valores menores em seu nome e em nome de sua mulher Helena Witzel.
"Durante a execução dos mandados de busca e apreensão foram encontrados dezenas de pagamentos de contas pessoais da família WITZEL em espécie, conforme tabela a seguir (DOC. 3.13), em tipologia de lavagem que já foi constatada em outros casos no Rio de Janeiro, como do ex-Governador SÉRGIO CABRAL, que fazia uso do expediente para saldar suas obrigações financeiras", escreveu a PGR.
O boleto em nome de Witzel com valor mais alto foi de R$ 1.982,41, de outubro do ano passado, referente a uma mensalidade escolar. Também foi localizado um boleto de operação de câmbio de Helena Witzel, no valor de R$ 4.279,00, que teria sido pago em dinheiro vivo.
Para a PGR, os boletos que apontam pagamento em dinheiro vivo corroboram o relato do ex-secretário de Saúde Edmar Santos, que afirmou ter ouvido do Pastor Everaldo (PSC) que ele recebeu R$ 15 mil do governador.
"EVERALDO demonstrou preocupação com eventuais operações de busca e operação, citando ter sido chamado na véspera no Palácio Laranjeiras, onde o governador WITZEL lhe entregou R$ 15.000,00; que EVERALDO mostrou ao colaborador o dinheiro entregue pelo governador no dia anterior; que, segundo EVERALDO, WITZEL entregou esse dinheiro porque também estaria preocupado com uma busca e apreensão no Palácio", diz trecho do depoimento de Edmar.
Entenda o caso
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), foi afastado nesta sexta-feira do cargo, por 180 dias, por determinação do ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que autorizou diligências realizadas pela Polícia Federal. A medida ocorreu ao mesmo tempo em que a Procuradoria Geral da República (PGR), em parceria com a Polícia Federal (PF), cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão contra agentes públicos, políticos e empresários envolvidos, segundo a acusação, em crimes de corrupção e lavagem de dinheiro do grupo liderado pelo governador. Presidente nacional do PSC, o pastor Everaldo Pereira foi preso. Dois filhos dele, também. O ex-secretário de Desenvolvimento Econômico Lucas Tristão se apresentou na sede da PF. A casa do vice-governador, Cláudio Castro foi alvo de buscas.
A PGR apontou a existência de graves crimes envolvendo Witzel e chegou a solicitar a sua prisão preventiva ao STJ. Benedito Gonçalves, entretanto, autorizou apenas o afastamento e determinou medidas cautelares, como a proibição de manter contato com investigados e com funcionários e de ingressar nas dependências do governo do Rio. Isso para evitar que ele, direta ou indiretamente, use seu poder para atrapalhar as investigações.
O Globo
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