O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta segunda-feira (17) que a confiança entre ele e o presidente Jair Bolsonaro é recíproca, mas admitiu que seu posto é difícil.
"Existe muita confiança do presidente em mim. E existe muita confiança minha no presidente", disse ele na portaria do Ministério da Economia, ao ser questionado sobre sua permanência no governo.
"Eu não tive, ainda, nenhum ato que me indicasse, que me sugerisse, que eu não devesse confiar no presidente, e eu acho, da mesma forma, que eu não faltei em nenhum momento a confiança que ele depositou em mim", acrescentou.
Perguntado se se sentia à vontade no cargo, o ministro então sinalizou que o sentimento era diferente. "À vontade, neste cargo, eu acho difícil você encontrar alguém que vai estar sempre à vontade. É um cargo difícil", afirmou.
O pronunciamento do ministro aos jornalistas foi feito após um dia em que rumores sobre sua eventual saída mexeram com o mercado, guiando uma alta do dólar frente ao real e uma queda do Ibovespa para abaixo dos 100 mil pontos.
As especulações têm ganhado força após a saída de secretários importantes da equipe do ministro e conforme aumentam as pressões políticas por mais gastos públicos e também em meio às viagens de Bolsonaro pelo Nordeste, encaradas como parte de uma pré-campanha à reeleição.
Nesta noite, Guedes adotou um tom mais conciliador ao classificar diversas vezes como "natural" que alguns ministros e até mesmo o presidente queiram fazer obras públicas. Ele ponderou, contudo, que seu papel é alertar sobre as limitações colocadas pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
Na semana passada, o ministro havia sido mais incisivo ao pontuar que brigaria com ministros "fura-teto" e que era necessário acomodar as despesas dentro do Orçamento para o governo não incorrer em risco de impeachment como o que levou à queda da ex-presidente Dilma Rousseff.
Mais gastos
Guedes frisou ainda que uma maneira de conseguir mais investimentos públicos será aprovar iniciativas como a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do Pacto Federativo, que promove a desvinculação e a desobrigação de gastos.
Por outro lado, ele reconheceu que o governo está estudando remanejamento de despesas a partir de verbas de cerca de R$ 15 bilhões que foram repassados a Estados e municípios, no contexto do enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, e que não foram usadas.
Sobre o tema, ele disse ter sido surpreendido pela avaliação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de que o uso de R$ 5 bilhões provenientes dessa sobra não poderia ser feito, já que Maia estava na reunião em que autoridades conversaram sobre o tema, juntamente com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos.
"Ninguém estava querendo furar teto", defendeu Guedes. "Vai haver um remanejamento de recursos, o que está acontecendo agora é justamente remanejamento de recursos, estamos vendo o que pode ser remanejado dentro do Orçamento", complementou ele, sem especificar o montante em questão.
Guedes voltou a dizer que a economia brasileira está voltando, e que abril foi o fundo do poço, com os meses seguintes marcados por resultados melhores e um agosto "melhor ainda".
"O Congresso está trabalhando, nós destravamos os investimentos em saneamento, semana que vem vem o gás natural, depois vem setor elétrico, depois vem petróleo", afirmou. "Subiu a popularidade do presidente. Quer dizer, ele está firme. Ele sente que ele está firme e que ele pode seguir na agenda dele."
Reuters
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