O deputado Ricardo Barros (PP-PR) anunciou, nesta quarta-feira, que aceitou o convite do presidente Jair Bolsonaro para se tornar o novo líder do governo na Câmara dos Deputados. O deputado Vitor Hugo (PSL-GO), atual ocupante do cargo, confirmou ao GLOBO que sairá do posto na próxima terça-feira.
"Agradeço ao presidente Jair Bolsonaro pela confiança do convite para assumir a liderança do governo na Câmara dos Deputados com a responsabilidade de continuar o bom trabalho do Líder Vitor Hugo, de quem certamente terei colaboração", escreveu Ricardo Barros em rede social.
Ricardo Barros foi ministro da Saúde de Michel Temer e atualmente ocupa o posto de vice-líder do governo no Congresso, e já foi líder do governo Fernando Henrique e vice-líder de Lula e Dilma Rousseff.
A troca de liderança é mais um movimento de aproximação do presidente Jair Bolsonaro com o centrão. Nos últimos meses, o principal articulador do governo na Câmara já não era Vitor Hugo. Quem desempenhava o papel, informalmente, era o líder do PP, Arthur Lira (AL).
Apesar de ser do mesmo partido de Barros, Lira nunca nutriu simpatia pelo colega e chegou a trabalhar contra a sua nomeação como líder do governo. Por outro lado, Barros é próximo do líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO).
Em fevereiro do ano passado, Ricardo Barros chegou a concorrer à presidência da Câmara, mas foi derrotado por Rodrigo Maia (DEM-RJ). Sua principal plataforma de campanha era a proteção de "garantias" dos deputados, ameaçadas pela Lava-Jato.
Assim como Bolsonaro, o deputado passou a defender com veemência nos últimos meses o uso da hidroxicloroquina para o enfrentamento à pandemia.
'Deputado pode demitir presidente'
Em setembro do ano passado, Ricardo Barros e a bancada de deputados do Paraná tiveram uma reunião com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, para discutir a indicação de cargos ao governo.
Na ocasião, o ministro foi cobrado pela liberação de espaço e verbas relacionadas ao acordo para a aprovação da reforma da Previdência na Câmara. Ao debater o assunto, Barros fez uma intervenção para dizer que "o presidente não pode demitir deputado, mas o deputado pode demitir o presidente".
Após a reunião, o parlamentar disse que gostou da conversa e que Ramos estava aberto ao diálogo. Ele garantiu que não fez o comentário como uma ameaça. O deputado afirmou ainda que "quanto mais desarticulado o governo", melhor para o Congresso.
— Se precisar demitir o presidente nós demitimos, ele não pode demitir o Congresso. A palavra final é nossa, ele é que tem que querer estar de bem conosco. Se ele não quer, está ótimo para nós. O Congresso está vivendo um ótimo momento com essa independência — disse Barros à época.
O Globo
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