O presidente Jair Bolsonaro afirmou que, apesar da pressão para a saída do ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, ele permanecerá à frente da pasta. “O Ministério da Saúde precisa muito mais de um gestor do que de um médico”, afirmou, durante transmissão semanal ao vivo.
Segundo Bolsonaro, além de Pazuello, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, alvo de críticas pela condução da gestão ambiental na Amazônia, está fazendo um “excepcional trabalho” e também permanecerá no cargo, a menos que queira sair. Bolsonaro disse que ministro Salles “faz o possível” para conter o desmatamento.
Sobre o desmatamento e as queimadas, ele afirmou: “Pelo tamanho da região amazônica, é difícil conter tudo isso daí”. O presidente negou que Salles tenha desmontado a máquina de fiscalização. Sobre o áudio da reunião ministerial divulgado por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente declarou que o ministro, ao dizer que é necessário “passar a boiada”, se referia a “desregulamentar muita coisa” do setor agropecuário e não a permissão para que se cometam crimes.
“Vocês estão com saudades dos ministros da Saúde de Fernando Henrique Cardoso, Dilma e Lula?”, questionou durante transmissão ao vivo. Segundo Bolsonaro, a criação do Ministério da Defesa no governo FHC foi por imposição política. O presidente defendeu a atuação da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e dos ministros militares, que fazem parte da reserva das Forças Armadas. Bolsonaro afirmou também não ser proibido que militares assumam funções do Executivo. “Essa história de desmilitarização, não”, afirmou. “Militares estão bem avaliados como ministros”.
O presidente afirmou que a Europa tenta impor ao Brasil medidas de proteção ao meio ambiente que acabariam por prejudicar o agronegócio do País. Bolsonaro defendeu que se o Brasil chegar a demarcar 20% de seu território - hoje estão demarcados 14%, segundo o presidente -, essa medida "simplesmente inviabilizaria o agronegócio no Brasil".
"Hoje temos 14% da área do Brasil em reservas, o equivalente à região Sudeste, e obviamente que a Europa gostaria que a gente, até 2022, passasse de 14% para 20% de terras demarcadas, o que simplesmente inviabilizaria o agronegócio no Brasil", afirmou Bolsonaro, depois de criticar os países europeus, a quem chamou de "seita ambiental".
Sobre as queimadas, Bolsonaro disse que "90% dos focos de incêndio são em terras já desmatadas, e 5% em terras indígenas". O presidente também contou que o governo prepara um decreto que deve proibir por quatro meses todas as queimadas no País, mas de antemão criticou a medida.
"Sei que está fora dessa proibição o índio, o caboclo, mas esse pequeno homem que está lá no interior desse Brasil enorme, ele vai ter acesso ao decreto, como ele vai cultivar alguma coisa? Se ele não cultivar esse ano, não vai ter o que comer ano que vem", completou.
Para o presidente, "falta responsabilidade" no debate sobre as queimadas, e o assunto tem servido de pretexto para que o Brasil seja "massacrado e prejudicado naquilo que está dando certo no País, que é o nosso agronegócio".
O presidente também lamentou que a medida provisória (MP) 910, que tratava da regularização fundiária e ficou conhecida como "MP da grilagem", não tenha sido votada no Congresso, o que fez com que ela caducasse. Para Bolsonaro, a votação da MP não foi pautada porque "a esquerda ainda tem uma influência muito grande dentro do Parlamento", e citou partidos como PT, PDT, Rede Sustentabilidade, PCdoB e PSOL como responsáveis pela pressão que levou à caducidade da proposta.
"Se tivesse sido aprovada (a MP 910), essas áreas seriam regularizadas e, uma vez detectado o foco de calor ou queimada, teria como saber se foi dentro da reserva legal, ou não, e quem é o dono daquela área, e aí você puniria", afirmou. Apesar disso Bolsonaro assumiu o compromisso de diminuir as queimadas, mas falou que elas "não vai acabar nunca".
Agência Estado
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