Em meio à crise no Ministério Público Federal e a iminente conclusão do inquérito motivado por suas acusações, o ex-ministro Sérgio Moro diz que aparentemente vive-se uma ‘fase anti-Lava Jato e contra o que ela representa’. O comentário foi feito na manhã desta segunda, 29, no perfil no Twitter do ex-juiz da operação no Paraná, e seguido de um questionamento: “Não seria melhor o País focar em agendas anticovid, antidesemprego e anticorrupção?”.
O ex-ministro fez o comentário ao compartilhar artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo sob o título ‘A agenda anti-Moro’. Segundo o texto, há uma ‘onda de ataques’ ao ex-ministro sendo que a mesma teria relação com seu ‘capital político’.
Antes, a publicação mais recente do ex-juiz foi feita no sábado, 27, também com relação à operação que conduziu por anos e deixou pelo cargo no ministério da Justiça e Segurança Pública de Bolsonaro. Ao comentar a crise interna do Ministério Público Federal, Moro disse que ‘aparentemente pretende-se investigar a Operação Lava Jato em Curitiba’.
Tal indicação foi feita em referência à demissão de três procuradores, que deixaram o grupo da operação na Procuradoria-Geral da República após visita da subprocuradora Lindôra Araújo, aliada do procurador-geral da República Augusto Aras, à força-tarefa de Curitiba.
O encontro causou desconforto e motivou os integrantes do grupo paranaense a enviar ofício a Aras acusando ‘diligência’ da PGR para recorrer informações e dados da operação ‘sem prestar informações sobre a existência de um procedimento instaurado, formalização ou escopo definido’.
Além das informações de Curitiba, Aras pediu dados das forças-tarefa em São Paulo e no Rio de Janeiro. Neste domingo, 28, a PGR divulgou nota dizendo que a Lava Jato ‘não é um órgão autônomo e distinto do Ministério Público Federal, mas sim uma frente de investigação que deve obedecer a todos os princípios e normas internos da instituição’.
Na avaliação de Moro ‘causa estranheza’ a intenção da PGR com relação aos dados da Lava Jato.
O compromisso com a pauta anticorrupção e sua ‘biografia’ como juiz federal e condutor da Lava Jato foram pontos destacados por Moro ao anunciar sua demissão do governo Jair Bolsonaro. Em entrevistas após sua saída do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Moro chegou a dizer que ‘o combate à corrupção não é prioridade do governo Bolsonaro’. A bandeira ‘lavajatista’ apropriada pelo presidente engrossou a base aliada de Bolsonaro, mas hoje alguns apoiadores se dizem arrependidos.
Ao anunciar sua demissão, o ex-juiz acusou o presidente de tentar interferir politicamente na Polícia Federal. O pronunciamento motivou a abertura de um inquérito junto ao Supremo Tribunal que já está em estágio avançado, prestes a ser concluído, aguardando diligências como o depoimento do presidente.
Estadão
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