O presidente Jair Bolsonaro afirmou que "mais uma farsa (foi) desmontada" com a divulgação do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, divulgada nesta sexta-feira pelo ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF). "Nenhum indício de interferência na Polícia Federal", acrescentou, em publicação no Facebook, junto com um trecho de 21 minutos da reunião.
Na reunião, Bolsonaro afirmou que não iria esperar "foder minha família toda de sacanagem, ou amigo meu", ao dizer que havia tentado "trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente" e não havia conseguido. Bolsonaro alega que estava falando sobre a equipe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), enquanto o ex-ministro Sergio Moro afirma que ele estava se referindo à Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro.
Apesar de alegar que estava preocupado com a segurança dos seus filhos, o presidente Bolsonaro promoveu o responsável por essa função menos de um mês antes da reunião. A troca também contradiz a alegação de Bolsonaro de que ele não havia conseguido trocar a equipe de segurança. Além disso, Bolsonaro não explicou a relação de um "amigo" com a segurança oficial da Presidência.
'Moro deve estar revoltado'
Depois, em entrevista à rádio Joven Pan, Bolsonaro insistiu que não há prova de interferência na gravação e disse que Sergio Moro "deve estar revoltado":
— Qual é o ponto na fita que eu interfiro na Polícia Federal? O senhor Sergio Moro deve estar revoltado, porque não tem nada. Isso é o que interessa.
O presidente disse que falou com o "coração" na reunião:
— Cada um interprete como bem entender. Eu falo com o coração, você vê ali que não foi nada preparado. Não foi um discurso para ser revelado mais tarde.
Ele reconheceu ter dito muitos palavrões, mas afirmou que quem não gosta disso deve votar em um "engomadinho":
— Tem palavrão? Tem. Lamento, quem não quiser ouvir palavrão, paciência, vote em um engomadinho no futuro, que não fala palavrão mas mete a mão no bolso de todo mundo.
Ministros saem em defesa
Alguns ministros saíram em defesa do presidente após a publicação do vídeo. O titular da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, afirmou em sua conta no Twitter que "conteúdo divulgado, sem nexo com o inquérito, apenas expõe" Bolsonaro com "palavras não polidas buscando o melhor para o Brasil". "Em outros governos quem fala(ou) bonito f...(eu) nosso povo", acrescentou Jorge.
Também em sua conta no Twitter, Onyx Lorenzoni, da Cidadania, afirmou que a "divulgação do vídeo da reunião mostra claramente um governo comandado por um homem que se preocupa em servir ao povo brasileiro" e que o "Brasil não estava acostumado a isso, e sim com governos que se serviam do trabalho do povo brasileiro".
O Globo
Portal Santo André em Foco
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