O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu desculpas nesta quarta-feira (20) pela declaração que fez na véspera, na qual afirmou que o coronavírus foi necessário para que se reconhecesse a necessidade da presença do Estado para dar solução a crises.
Nesta terça (19), em uma entrevista por videoconferência ao jornalista Mino Carta, da revista "Carta Capital", Lula afirmou:
"Quando eu vejo os discursos dessas pessoas, quando eu vejo essas pessoas acharem bonito que 'tem que vender tudo o que é público', que 'o público não presta nada', ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus. Porque esse monstro está permitindo que os cegos comecem a enxergar que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises. Essa crise do coronavírus, somente o Estado pode resolver isso, como foi a crise de 2008."
Nesta quarta, em "live" pela internet promovida pela Rede Brasil Atual, o ex-presidente se desculpou.
De acordo com Lula, ele quis dizer que foi no auge da crise do coronavírus que se começou a descobrir a importância de uma instituição pública como o Sistema Único de Saúde (SUS), "tão menosprezado no Brasil", segundo afirmou.
"Foi isso que eu tentei dizer, e utilizei uma frase totalmente infeliz, uma frase que não cabia, e se alguma pessoa ficou ofendida, se algum dos 210 milhões de brasileiros ficaram ofendidos, todo mundo sabe que a palavra 'desculpa', ela foi feita para a gente utilizar com muita humildade porque eu sou um ser humano movido a coração e eu sei o sofrimento que causa a pandemia, eu sei o sofrimento que causa uma pessoa ver seu parente ser enterrado sem poder sequer acompanhar", declarou.
O ex-presidente aproveitou para defender o isolamento social:
"Eu acredito piamente que enquanto não tiver remédio a melhor solução para que a gente evite pegar a doença ou passar a doença é ficar em casa. Então, se algumas pessoas ficaram ofendidas, com a frase, eu peço desculpas porque a frase não cabia naquilo que eu queria falar."
Até esta quarta-feira, segundo levantamento exclusivo do G1 junto às secretarias estaduais de saúde, o Brasil acumulava 18.130 mortes por covid-19 e 275.382 casos confirmados da doença, provocada pelo coronavírus. O país se tornou o terceiro do mundo em número de casos, atrás de Estados Unidos e Rússia.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o isolamento social como uma das medidas para evitar a disseminação ainda maior do vírus.
O presidente Jair Bolsonaro, no entanto, tem defendido a reabertura do comércio. No último dia 7, chegou a fazer um apelo ao Supremo Tribunal Federal para que as medidas restritivas fossem revistas.
Pela decisão do STF, governadores e prefeitos têm autonomia para definir as medidas de isolamento locais.
G1
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