Ao declarar que conta com o apoio das Forças Armadas neste domingo, durante protesto em frente ao Palácio do Planalto, o presidente JairBolsonaro se baseou em manifestações dos próprios integrantes das corporações. Na reunião que teve no Palácio da Alvorada, na véspera, com três ministros militares com cadeira no Palácio do Planalto, além do ministro da Defesa e dos comandantes da Aeronáutica, do Exército e da Marinha, Bolsonaro recebeu guarida de todos
Na ocasião, porém, a preocupação era mostrar apoio para manter o equilíbrio institucional entre os Poderes após recentes decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) derrubando atos do Executivo.
A preocupação de integrantes das Forças Armadas e ministros militares que endossam as ações do governo está em como o presidente interpreta esse apoio.
Em conversas reservadas, os militares tentam esclarecer que não participarão de rupturas institucionais e que não é esse o tipo de sustentação que dão ao presidente. Segundo interlocutores da cúpula militar, um dos problemas está apenas na forma como o presidente manifesta publicamente o apoio que recebe das Forças Armadas. Há uma avaliação de que Bolsonaro se expressa mal na forma como se comunica.
No sábado, estiveram com Bolsonaro por mais de uma hora no Alvorada os ministros Braga Netto (Casa Civil); Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo); Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional); e Fernando Azevedo (Defesa). Estiveram presentes ainda os comandantes do Exército, Edson Pujol; da Aeronáutica, Antonio Carlos Bermudez; e da Marinha, Ilques Barbosa Júnior. Lá, compartilharam o entendimento do presidente de que o STF havia exagerado ao intervir em atos do governo.
Incomodou ao grupo as últimas ações dos ministros do Supremo Celso de Mello, (nas investigações do caso do ex-ministro Sergio Moro), e Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso (nas questões sobre a nomeação na Polícia Federal e também sobre os funcionários do consulado da Venezuela).
A cúpula militar fez questão de lembrar uma frase proferida pelo general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército, há pouco mais de dois anos numa resposta à questionamentos sobre eventual intervenção militar: "Não existe atalho fora da Constituição”.
Segundo aliados, o ministro Augusto Heleno definiu que o Brasil está vivendo a "ditadura do judiciário" e argumentou que não serão tolerados "excessos" de outros Poderes.
Ao GLOBO, um general da reserva afirmou que as Forças Armadas jamais apoiarão golpe e pediu que governantes deixem de lado “assuntos paralelos” e foquem no combate o novo coronavírus.
O Globo
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