O presidente Jair Bolsonaro se reuniu neste domingo, por cerca de uma hora, com o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o advogado dele, Frederick Wassef, no Palácio da Alvorada, em Brasília. Nenhum dos dois falou com a imprensa após o encontro. A reunião aconteceu poucos dias depois do ex-ministro da Justiã Sergio Moro pedir demissão do cargo e acusar o presidente de tentar interferir em investigações da Polícia Federal.
Durante pronunciamento, Moro chegou a relatar a conversa que teve com Bolsonaro na quinta-feira sobre a demissão do então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. Disse que o presidente deixou claro que gostaria de fazer uma interferência política no órgão. Segundo o ministro da Justiça, o presidente “sinalizou que tinha preocupações em curso no Supremo Tribunal Federal (STF)”, em referência às investigações em curso sobre fake news e os atos antidemocráticos do último fim de semana.
Segundo o colunista Merval Pereira, o presidente resolveu demitir Maurício Valeixo por causa das informações que indicam que as investigações sobre fake news estão chegando ao “gabinete do ódio” e ao vereador Carlos Bolsonaro.
Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente da República, é investigado por peculato e lavagem de dinheiro em seu gabinete na Alerj através de um esquema de 'rachadinha' com parte do salário de seus funcionários.
Os relatórios de inteligência financeira, que instruíram a primeira fase das investigações, revelaram movimentações atípicas de recursos no gabinete de Flávio Bolsonaro, na época em que era deputado estadual no Rio. O primeiro mostrou a movimentação atípica de R$ 1,2 milhão de Fabrício Queiroz - o documento abriu as investigações. Depois, por meio de outro relatório, ficou conhecido que o senador fez 48 depósitos de R$ 2 mil totalizando R$ 96 mil ao longo de cinco dias em junho de 2017. Esse relatório é um dos que a defesa alega que ocorreu quebra de sigilo bancário sem autorização judicial. Em abril do ano passado, o TJ do Rio autorizou a quebra de sigilo fiscal e bancário de Flávio e outras 95 pessoas e empresas.
Neste mês, o ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou o recurso do senador para revogar a quebra de sigilo fiscal e bancário e afirmou ao GLOBO que a quebra foi autorizada “em decisões judiciais devidamente fundamentadas” e ainda “no amparo de fortes indícios de materialidade e autoria de crimes”.
O pedido da defesa do senador Flávio Bolsonaro foi feito no início de março deste ano. Os advogados do senador tinham feito um recurso à Corte depois que seus pedidos junto a 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio tinham sido negados.
O recurso na Corte representava a 9ª vez que a defesa de Flávio tentou paralisar as investigações. O senador argumenta que ocorreu quebra de sigilo fiscal e bancário na comunicação feita pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre suas movimentações atípicas.
O Globo
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