O Nordeste vai lançar uma estratégia com três “barreiras” de atendimento para tentar desafogar os hospitais. O Ceará atingiu, nesta quinta-feira, 100% da capacidade das Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) específicas para tratamento da Covid-19 na rede pública. E ainda tinha gente na fila para conseguir um leito de UTI.
Miguel Nicolelis, um dos cientistas na coordenação do comitê científico do consórcio de governadores do Nordeste, afirma explica que a primeira barreira será a consulta por telefone.
— Os estados vão ter um aplicativo no qual a pessoa vai poder relatar os sintomas e, quem for considerado grave, receberá a ligação de um médico para uma consulta — afirma.
A segunda barreira será a ida de médicos às residências dos moradores com sintomas. Por último, a ida ao hospital dos que mais precisarem de cuidados intensivos.
— Se o sistema de saúde pega o paciente no começo, reduz o grau de infectabilidade e, assim, a necessidade de UTI. Isso vem desde o tempo de Oswaldo Cruz. Ele usou essa estratégia combatendo a varíola e a febre amarela, indo nas vizinhanças com casos e isolando os doentes. Agora temos a tecnologia para nos ajudar — diz o cientista.
Segundo o Nicolelis, o governo da Bahia vai disponibilizar um supercomputador capaz de realizar projeções matemáticas que relacionam a quantidade de casos, o fluxo rodoviário e a capacidade de atendimento médico dos municípios.
— A ideia é a gente conseguir prever para onde o fluxo rodoviário está levando a doença e, assim, definir os locais que terão seus sistemas de saúde reforçados — explicou Nicolelis ao fim de uma reunião virtual com representantes dos estados.
Das nove unidades da Federação que integram a região, em quatro as mortes, proporcionalmente, são mais frequentes do que no conjunto do país. Pesquisadores que conhecem as realidades locais citam indicadores sociais, deficiências nos sistemas de saúde, especificidades etárias e a baixa testagem como fatores que podem explicar a diferença nos dados em relação ao resto do país.
De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde nesta sexta-feira, o Brasil tem 33.682 casos confirmados de Covid-19 e 2.141 mortes, o que representa uma letalidade de 6,4%. No Piauí, por exemplo, o número absoluto de casos não é expressivo – 102 –, mas 8 pessoas já morreram, o que significa um índice de 7,8%. Paraíba (13,3%), Pernambuco (9,3%) e Sergipe (7,5%) também têm taxas superiores às do conjunto do país.
De acordo com Nicolelis, a taxa de letalidade do Brasil e dos estados é afetada pela subnotificação de casos.
— Contar os mortos é mais fácil. Vê os Estados Unidos. Eles têm 658 mil casos e 32 mil mortes. Então, a taxa seria de 5%. Mas as projeções de lá são de que há dez vezes mais infectados. Ou seja, com seis milhões de infectados a taxa de letalidade cai para 0,5%. E isso acontece aqui também — afirma.
G1
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