O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, reconheceu nesta quarta-feira que há um "descompasso" entre o trabalho na pasta e a linha de ação defendida pelo presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento à epidemia do novo coronavírus, que já infectou 28.320 pessoas no país, matando 1.736. Ele afirmou ainda que, quem quer que seja o ministro, é preciso que o presidente dê condições para ele trabalhar.
- Claramente, isso não é desconhecido, há um descompasso entre o Ministério da Saúde [e o presidente] e isso a gente colocou que vamos trabalhar até 100% do limite das nossas capacidades - disse Mandetta.
Depois, acrescentou:
- O importante é que seja lá quem o presidente colocar no ministério da saúde que ele confie e que ele dê as condições para que a pessoa possa trabalhar baseada na ciência, nos números, na transparência dos casos e pra que a sociedade possa, junto com seus governadores e seus prefeitos, tomar as melhores decisões.
Ainda falando sobre as diferenças entre ele e Bolsonaro, Mandetta disse que o presidente quer uma outra "posição" do Ministério da Saúde, mas que ele, baseado na ciência, não poderia oferecer.
- Eu não estou ministro por nada diferente do que do presidente. E ele claramente externa que quer um outro tipo de posição por parte do Ministério da Saúde que eu, baseado no que nós recebemos, baseado em ciência, eu tenho esse caminho para oferecer. Fora desse caminho, tem que achar outras alternativas - afirmou Mandetta.
Questionado se sairia do governo, Mandetta disse:
- Eu deixo o Ministério da Saúde em três situações. Uma quando o presidente não quiser mais meu trabalho. O segundo é se eventualmente pegar uma gripe dessa e deixar por força alheia à minha vontade. E terceiro quando sentir que o trabalho feito já não é mais necessário que seja continuado, porque de alguma maneira passamos por esse estresse. Todas essas alternativas continuam e são válidas.
O ministro relatou que esteve na reunião do Conselho de Governo na terça-feira e não fez nenhum contraponto. E que conversou com colegas e os tranquilizou para procurar substitutos.
- Alguns nomes que vão sendo assuntados ligam pra mim e eu falo: "venha" - comentou.
O secretário-executivo do ministério, João Gabbardo dos Reis, negou especulações de que ele poderia substituir Mandetta caso o ministro fosse demitido.
- Conheci o ministro Mandetta em dezembro de 2018. Nunca tinha estado com ele. Aceitei. E tenho um compromisso com o ministro Mandetta. No dia em que sair, saio com ele - afirmou Gabbardo.
Mandetta aproveitou a entrevista coletiva para elogiar sua equipe. Ele afirmou ainda que, em diversas situações, já pediram a "cabeça" de seus auxiliares.
- Minha equipe eu escolhi por currículo do que fez. A segunda coisa que escolhi foi olhando no olho para saber se é gente firme. Depois fui testando. Hoje não é uma equipe, é uma família. Já pediram para mim a cabeça do Gabbardo quantas vezes? Erno (Harzheim, secretário de atenção primária à Saúde)? Wanderson? Por motivos de todos os matizes - afirmou Mandetta.
O Globo
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