Um dos sócios da Yacows, empresa de marketing digital que atuou na eleição de 2018, disse que o serviço de disparos de mensagens em massa da firma foi usado pelas campanhas dos então candidatos à Presidência Henrique Meirelles (MDB), Jair Bolsonaro (à época no PSL) e Fernando Haddad (PT). Aos integrantes da CPI das Fake News, Lindolfo Antônio Alves Neto negou irregularidades e disse desconhecer o conteúdo dos textos enviados via WhatsApp.
No caso de Meirelles, uma das empresas do grupo foi contratada por R$ 2 milhões, segundo os registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O empresário estimou que, com o valor, entre 10 milhões e 15 milhões de mensagens podem ser enviadas. Já em relação a Bolsonaro, a Yacows foi subcontratada pela AM4, agência responsável pela campanha do presidente. Segundo Alves Neto, um pacote de 20 mil mensagens foi comprado, mas apenas 900 disparos foram realizados, ao custo de R$ 1.680. A AM4 recebeu R$ 650 mil da campanha de Bolsonaro, de acordo com o TSE.
— Pode ser que o número esteja um pouquinho para mais, um pouquinho para menos, mas, de fato, o que aconteceu é: eles (campanha de Bolsonaro) compraram apenas a possibilidade de executar 20 mil envios — disse o empresário.
Já no caso de Haddad, houve uma triangulação: a campanha contratou a M. Romano Comunicação (ao custo de R$ 4,8 milhões, segundo o TSE), que fez um outro contrato com a a agência Um Por Todos Digital que, por sua vez, subcontratou a Yacows.
Segundo o deputado Rui Falcão (PT-SP), foram realizados 500.181 envios, em três oportunidades. Uma das mensagens trazia a informação de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia sido substituído por Haddad na cabeça de chapa, de acordo com o relato do parlamentar.
— Pelo que nós já disponibilizamos, na lista de clientes nós temos o Henrique Meirelles. Ciro Gomes, não me recordo de absolutamente nada e não está na lista, logo, não fizemos. Fernando Haddad é um caso específico, porque uma agência que acredito que faça campanha para ele já utilizava a plataforma e utilizou a nossa ferramenta, então, logo, diretamente não foi feito, indiretamente, sim — explicou o sócio da Yacows.
Alves Neto afirmou que não lembra se uma mensagem afirmando que o empresário Marcelo Odebrecht havia delatado o candidato petista foi veiculada por meio da plataforma da Yacows. Ele negou ainda que tenha usado uma lista de CPFs, inclusive de pessoas mortas, para a compra de chips de celulares que seriam usados para o serviço. Segundo ele, não há a necessidade de um CPF para concluir o envio. A acusação foi feita pelo ex-funcionário Hans River, que depôs à CPI na semana passada.
— O depoente não contribuiu em nada, foi evasivo. Esperamos que as investigações se aprofundem para chegarmos à conclusão se as candidaturas a presidente em 2018 se utilizaram desse tipo de empresa, com pagamento fora da legalidade, para distribuir mensagens em massa, tanto para se autopromover como para depreciar adversários. Precisamos continuar investigando para ver se uma testemunha pode aferir isso — disse o presidente da CPI, senador Angelo Coronel (PSD-BA).
De acordo com o portal G1, a assessoria de Meirelles disse que não comentaria. Já a assessoria de Haddad afirmou que um plano de comunicação que incluía disparos de mensagens por WhatsApp foi contratado quando ele assumiu a candidatura do PT a presidente. Ainda de acordo com a assessoria, o serviço custou R$ 80 mil. A assessoria de Bolsonaro não se manifestou, segundo o G1. Durante a sessão da CPI, a deputada Bia Kicis (PSL-DF), aliada do presidente, afirmou que o depoimento mostrou que não houve utilização ilegal de um serviço para influenciar a eleição de Bolsonaro.
O Globo
Portal Santo André em Foco
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