O presidente do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Bruno Araújo, disse nesta quarta-feira (8) que a sigla reconheceu que o presidente Jair Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade e anunciou oposição formal do partido ao governo.
O anúncio foi feito após uma reunião extraordinária da Executiva do partido que aconteceu nesta quarta-feira (8), após ameaças golpistas feitas por Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) durante ato do 7 de Setembro (veja mais abaixo).
"É unânime no PSDB o reconhecimento de que há um crime de responsabilidade, porque se passou de todos os limites constitucionais possíveis dessa relação de convivência. Agora, a construção e a complexidade desse processo se dão a partir de uma compreensão política das bancadas na Câmara e no Senado", disse o presidente do partido.
Araújo disse ainda que, "do ponto de vista formal", o PSDB fará uma "transição" de uma "posição de independência" para "formalizar a posição de oposição".
"Primeiro, do ponto de vista formal, o PSDB vai fazer uma transição do início do governo, quando havia uma posição de independência, e os fatos trazem para o PSDB formalizar a posição de oposição e conclamar o conjunto das forças de centro a fazer um enfrentamento a essas práticas autoritárias", afirmou.
O presidente do partido disse ainda que um eventual processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro envolve "diversos requisitos": além do crime de responsabilidade, apoio popular e disposição do presidente da Câmara, Arthur Lira.
"É bom lembrar que um eventual processo de impeachment envolve diversos requisitos. Um deles é o crime de responsabilidade. Outro é apoio no Congresso, apoio popular. Ou seja: um conjunto de temperaturas e impressão que permitam isso. E esse debate se inicia e se transfere nesse momento para a força política legítima do partido, que são as bancadas na Câmara e no Senado", disse.
"De forma unânime, ninguém faz qualquer contestação à compreensão do crime de responsabilidade. Quando há uma discussão, é se há um ambiente político hoje no Congresso Nacional ou de apoio suficiente na opinião pública ou disposição do próprio presidente da Câmara dos Deputados em abrir o processo", afirmou Araújo.
Em nota, o PSDB afirmou que iniciou "o processo interno de discussão sobe a prática de crimes de responsabilidade cometidos pelo Presidente da República e o caminho mais eficiente para evitar o agravamento dessa crise na vida das pessoas".
Discurso de Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro discursou em Brasília e em São Paulo em manifestações do dia 7 de setembro.
Em Brasília, Bolsonaro subiu em carro de som ao lado de ministros e atacou o Supremo.
"Não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos três poderes continue barbarizando a nossa população. Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil. Ou o chefe desse poder enquadra o seu ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos", disse o presidente.
Em São Paulo, Bolsonaro disse que não cumprirá mais decisões do ministro do STF Alexandre de Moraes.
"Dizer a vocês, que qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou, ele tem tempo ainda de pedir o seu boné e ir cuidar da sua vida. Ele, para nós, não existe mais", afirmou o presidente.
G1
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