Outubro 07, 2024

Oposição da Polônia leva dezenas de milhares às ruas 2 semanas antes das eleições

Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas da capital da Polônia neste domingo (1) para protestar contra o atual governo do primeiro-ministro Mateusz Morawiecki.

O ato, batizado como "Marcha de um milhão de corações", aconteceu duas semanas antes das eleições nacionais para o Parlamento.

As pesquisas de opinião indicam que o partido da direita nacionalista "Lei e Justiça" (PiS), que está no governo, está à frente. No entanto, a vantagem tende a ser mais estreita que em outros pleitos.

O PiS tem 31,5% das intenções de votos, segundo a pesquisa da IBRiS realizada em 27 de setembro. O segundo colocado, com 27% dos votos, é a Coalizão Cívica (PO), do ex-presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

Ambos os partidos precisariam montar alianças com outras legendas para obter maioria no Parlamento. Rafal Chwedoruk, cientista político da Universidade de Varsóvia, diz que a oposição teria mais dificuldade do que o governo atual nesse sentido.

Governo já mudou o sistema judiciário e quer expulsar opositor
No poder desde 2015, o PiS é abertamente contrário à imigração. Durante o último governo, uma reforma no judiciário foi movida e desde então, os juízes e procuradores públicos se tornaram subordinados ao governo.

A oposição diz temer que em um novo mandato, o governo do PiS torne o Parlamento ainda mais autônomo e o judiciário cada vez menos independente.

Entre as propostas de governo, o PiS deseja aumentar o domínio sobre os meios de comunicação. Desde o primeiro mandato do partido, os jornais estatais passaram a propagar uma imagem consistentemente positiva do governo.

Os jornalistas independentes que não quiseram seguir esta nova linha foram despedidos ou forçados a se demitir.

Em 2020, a petrolífera estatal, que teve parte da operação cedida à iniciativa privada, Orlen comprou a empresa Polska Press e passou mudar o direcionamento editorial de 20 jornais locais, 120 jornais semanais e 500 portais online.

Os jornalistas que trabalham para meios de comunicação independentes, como a liberal Gazeta Wyborcza, são alvo de processos judiciais e repressão.

Para a oposição, a tendência é que isso siga acontecendo no decorrer dos anos em caso de uma nova vitória do PiS.

Atual premiê, o líder do PiS, Mateusz Morawiecki, ameaçou expulsar o adversário do país caso vença as eleições.

“Se conseguirmos derrotar a Coalizão Cívica, expulsaremos Tusk. Para onde? Para Berlim."
Durante o último governo, o PiS criou uma política pública para ajudar famílias com filhos e idosos. O programa conhecido como 500 Plus entrega atualmente 500 zlotys (cerca de R$ 576) por filho. A proposta do governo é aumentar o valor mensal para 800 zlotys (R$ 922).

O benefício conta com 13ª parcela. Para 2024, o PiS propõe aumentar para 14.

Oposição defende causas humanitárias
A oposição, liderada principalmente pelo partido PO, acusa o governo atual de aumentar o custo de vida, reprimir as comunidades estrangeiras e LGBT's, aumentar a restrição em casos de abortos e piorar a imagem do país em relação aos outros membros da União Europeia.

O PiS já declarou que a comunidade LGBT "não são pessoas, mas sim uma ideologia". Para o partido nacionalista, eles representam uma ameaça aos valores e tradições católicos do povo polaco.

De acordo com a mídia estatal alemã Deutsch Welle, o partido que segue no poder desde 2015 faz frequentemente piadas com o sentimento xenófobo e isso aumenta a intolerância da população quanto àqueles que chegam de outros países.

As leis contra o aborto da Polônia estão entre as mais rígidas da Europa. No país, só é permitido o aborto em casos que comprovadamente afetem a saúde da mãe. A lei aprovada em 2020 não leva em consideração o caso de crianças mortas dentro do útero, que devem ser gestadas até a conclusão dos 9 meses.

Tusk acusa também o PiS de ter como objetivo tirar a Polónia da União Europeia, algo que o partido nega.

A oposição alega também que a Polônia não recebeu um "fundo de recuperação pós-Covid" por parte da União Europeia como decorrência da posição do país em causas humanitárias.

Outros países receberam milhões de dólares vindos de Bruxelas para recuperar a integridade de suas populações no período que sucedeu o auge da pandemia do Covid-19.

g1
Portal Santo André em Foco

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Last modified on Segunda, 02 Outubro 2023 16:56

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