O presidente de Cuba, Miguel Diaz-Canel, afirmou nesta segunda-feira (12) que os protestos do último fim de semana aconteceram por problemas derivados das sanções econômicas que os Estados Unidos aplicaram.
Diaz-Canel fez um pronunciamento transmitido pela TV com os seus ministros. No texto, ele afirmou que o povo tem direito a defender o sistema cubano.
No domingo, milhares de cubanos se uniram a protestos de rua em cidades do país, as maiores manifestações antigoverno na ilha comunista em décadas.
Os manifestantes pediam a renúncia de Miguel Díaz-Canel, gritavam "liberdade" e cantavam músicas contra o regime.
Os protestos aconteceram em meio à pior crise econômica de Cuba desde o fim da União Soviética, sua antiga aliada, e a uma disparada recorde de infecções de coronavírus. Pessoas expressaram revolta com a escassez de produtos básicos, as limitações às liberdades civis e à maneira como as autoridades lidam com a pandemia.
Milhares foram às ruas de várias partes de Havana, incluindo o centro histórico, e os gritos de "Díaz-Canel, renuncie" se sobrepuseram aos de grupos de apoiadores do governo que acenavam com bandeiras cubanas e bradavam "Fidel".
Jipes de forças especiais com metralhadoras montadas nas traseiras foram vistos em toda a capital, e a presença policial era forte mesmo depois de a maioria dos manifestantes ter ido para casa em obediência ao toque de recolher das 21h resultante da pandemia.
"Estamos vivendo um momento muito difícil", disse Miranda Lazara, professora de dança de 53 anos que se uniu aos milhares de manifestantes que marcharam por Havana. "Precisamos de uma mudança de sistema."
Díaz-Canel, que também comanda o Partido Comunista, atribuiu o tumulto aos Estados Unidos, ex-inimigo da Guerra Fria que nos últimos anos endureceu seu embargo comercial de décadas contra a ilha, em um pronunciamento televisionado na tarde de domingo.
Dias-Canal já havia falado em campanha dos EUA
Antes do pronunciamento desta segunda-feira, o presidente já havia dito que muitos manifestantes são sinceros, mas manipulados por campanhas de rede social orquestradas pelos EUA e "mercenários" em solo cubano, e alertou que novas "provocações" não serão toleradas, pedindo aos apoiadores que as confrontem.
O presidente dos EUA, Joe Biden, publicou uma nota. Ele afirmou que apoia o povo cubano e seu pedido por liberdade e alívio da pandemia e de "décadas de repressão e sofrimento econômico ao qual [o povo cubano] foi sujeitado pelo regime autoritário de Cuba".
"O povo cubano está, de forma corajosa, defendendo direitos fundamentais e universais. Esses direitos, inclusive o direito de protestar de forma pacífica e determinar seu próprio futuro, deve ser respeitado. Os EUA pedem ao regime cubano para que ouça seu povo e atenda sua necessidade nesse momento vital, ao invés de se enriquecer", afirmou Biden.
Julie Chung, subsecretário interino do Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado norte-americano, disse que o órgão ficou profundamente preocupado com os "chamados ao combate" em Cuba e que apoia o direito do povo cubano a reuniões pacíficas.
Testemunhas da Reuters nos protestos em Havana viram forças de segurança, auxiliadas por possíveis agentes à paisana, prenderem cerca de duas dúzias de manifestantes. A polícia usou spray de pimenta e espancou alguns manifestantes, além de um fotógrafo trabalhando para a agência de notícias Associated Press.
G1
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