Novembro 28, 2024

Uso do pó de rocha pode ser estratégia viável para fertilização de solos, apontam técnicos da PB

O uso do pó de rocha para remineralização de solos tem sido uma estratégia adotada por alguns produtores da Paraíba em substituição a fertilizantes sintéticos. O debate sobre a ampliação da prática de remineralização dos solos, ou uso do pó de rocha, ganha relevância diante da atual crise no fornecimento de fertilizantes sintéticos por causa da guerra entre Ucrânia e Rússia, principal fornecedora do insumo para o país.

O pó de rocha é um subproduto da atividade de mineração. O técnico Ricardo Farias já desenvolve a rochagem na remineralização de solos - como consultor de uma propriedade na região do Litoral Sul da Paraíba - e revelou os benefícios da prática.

“Já trabalho com o pó de rocha no Conde, na produção de banana, e posso dizer que o resultado é um espetáculo. Vejo como um dos melhores insumos. Ele tem solubilidade lenta, o que ajuda a fixar os nutrientes no solo e melhorar a produção. O principal problema hoje é o custo logístico, que muitas vezes supera o valor do próprio produto”, resumiu.

De acordo com Ricardo Farias, a produção antes do pó de rocha apresentava falhas na produtividade, pois a terra já estava desmineralizada. "O uso da rochagem revitaliza, remineraliza o solo, dando mais potencial a produção e a produtividade", explica.

Outros benefícios da rochagem são:

  • aumento da capacidade de troca catiônica, que diz respeito ao potencial de retenção de nutrientes na terra;
  • aumenta o pH do solo;
  • diminui a perda de nutrientes;
  • estimula a atividade biológica do solo e das raízes.

A maior recompensa do uso do pó de rocha, conforme o técnico, é a melhoria estrutural do solo seguido do incremento mineral e biológico. No entanto, também há desvantagens, entre elas o atual custo logístico. O técnico explica que o custo de transporte muitas vezes é maior que o valor do produto, chegando superar a 1,5 do valor por tonelada.

A diferença para os fertilizantes sintéticos é que esses são aplicados e disponibilizados imediatamente após o contato com a água. Essa ação causa perdas, já que a planta não consegue absorvê-los antes que sejam arrastadas pela água. Já os de pó de rocha são de disponibilidade lenta, dando condições das plantas absorverem ao longo do tempo.

O agricultor pode ter acesso ao material adquirindo de empresas (mineradoras) certificadas para esse fim, que é o uso agrícola.

"O pó de rocha, chamado tecnicamente de remineralizadores, não só substitui os adubos industriais, como são mais eficientes a longo prazo. O que precisamos fazer é construir uma política pública de incentivo de produção e uso desses insumos, uma política de autonomia. Isso ajudaria a manter os custos da produção em níveis aceitáveis, já que a matéria prima da rochagem é de nossa própria região", desenvolve o técnico Ricardo Rocha.

Conforme o técnico da Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba (Faepa), Domingo Lélis, na Paraíba é possível cobrir todo o território com distâncias máximas de até 40 km, dando viabilidade e tranquilidade aos produtores.

Segundo pesquisador da Embrapa, Eder Martins, o país importa em torno de 85% dos fertilizantes utilizados nas atividades agropecuárias. Por isso mesmo, ele defende o desenvolvimento de soluções locais e regionais, assim como o aumento da eficiência no uso dos recursos disponíveis.

O primeiro passo, de acordo com Martins, é identificar quais os setores de mineração existentes no Estado e quais são os resíduos que eles produzem. A partir disso, verificar se esses subprodutos estão contaminados e se já se encontram no tamanho apropriado para o consumo na agricultura e fazer as devidas correções através de técnicas como moagem, britagem ou peneiramento.

Preocupação é com a safra que começará em setembro, diz ministra da Agricultura
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou no início do mês que não há risco de desabastecimento de fertilizantes para a safra atual brasileira e que busca alternativas para a safra que se iniciará em setembro.

O receio de escassez de fertilizantes químicos, ferramenta usada pelos agricultores para aumentar a produtividade do solo, é motivado pela guerra entre Rússia e Ucrânia, que restringiu os fluxos comerciais dos dois países. A Rússia fornece 23% dos fertilizantes importados pelo Brasil.

Segundo a ministra, para a safra deste ano, não haverá problemas. "A safra brasileira que acontece neste momento, que é a safrinha, já está acontecendo. O que precisava de fertilizante, já chegou, já está com o produtor rural, que já está plantando", disse Tereza Cristina.

Governo apresenta Plano Nacional de Fertilizantes
O governo federal apresentou na última sexta-feira (11), no Palácio do Planalto, um Plano Nacional de Fertilizantes para o país. O documento lista uma série de medidas pensadas para aumentar a produção até 2050 e reduzir a dependência do mercado externo.

O governo informou que o plano tem objetivo de alcançar 50% de autonomia com produção própria de fertilizantes no Brasil.

Apesar da necessidade de garantir fertilizantes para a safra do segundo semestre, o plano apresentado se concentra em medidas de médio e longo prazos.

Portos adotam esquema especial para fertilizantes
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, disse nesta terça-fera (15) que o governo federal montou um esquema especial nos portos do país para receber fertilizantes. Os navios que chegarem ao Brasil com a mercadoria não precisão enfrentar filas para descarregar. O produto utilizado pelo setor do agronegócio é, em sua maioria, importado da Rússia – país em guerra contra a Ucrânia.

g1 PB
Portal Santo André em Foco

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