Superando o cansaço
Numa séria estatística que comprova as causas desencadeadoras de doenças crônicas, afirma-se que “o cansaço é uma das cinco queixas mais frequentes dos que procuram os clínicos gerais” (Dráuzio Varella). Muitos destes pacientes demonstram que o cansaço é gerador de um círculo vicioso de alto risco. O excesso de cansaço prejudica a concentração no trabalho e interfere na execução das tarefas diárias. Sentindo este mal-estar na relação com o trabalho e com os que confiam em sua capacidade, o cansaço da pessoa aumenta e pode se tornar crônico.
Não podemos ignorar a luta heroica de muitos homens e mulheres, agricultores, operários e mesmo profissionais liberais, preocupados em tornar rentável e qualificada sua ocupação, tendo em vista o sustento e o futuro de sua família. Apesar de tudo, é grande o número dos que se empenham diuturnamente, para honrar sua competência, que vivem um cansaço permanente. Tantos e tantas são movidos à coragem e ao brio de não passarem pelo mundo inutilmente.
Mas assim como há heróis cansados, há muitos descansados que vivem se queixando de cansaço para chamar atenção. Talvez sejam os que se cansam por nada fazer e terminam cansando quem faz muito, por suas queixas ridículas. Creio que por ali é verdadeira a afirmação: “Quando precisares de alguém para confiar-lhe uma tarefa importante, procure os mais ocupados”.
Se existem tantos que merecem cuidado para não transformar seu real cansaço num mal crônico, há outros que justificam suas manias de acomodação, enterram seus dons para não se comprometerem com a vida e com ninguém. Na segunda carta aos Tessalonicenses, Paulo admoesta a comunidade a não se deixar levar pela loucura do entreguismo, em nome da falsa ideia da imediata volta de Cristo. “Quem não quer trabalhar, também não coma. Essa gente se intromete em tudo e vive sem fazer nada... Não vos canseis de fazer o bem!” (2Ts 3,10-13).
O mais eloquente exemplo de quem não cansava de fazer o bem nos é dado por Jesus Cristo. “Ao sair do barco, Jesus viu uma grande multidão e encheu-se de compaixão, porque eram como ovelhas que não têm Pastor” (Mc 6,34). “Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo, que não tinham nem tempo para comer” (Mc 6,31).
A urgência do Reino não permitia a Jesus parar, a não ser para rezar e renovar sua sintonia com a vontade do Pai. Essa mesma urgência ele a registrou no discurso da missão dos discípulos. Não há como perder tempo no caminho, nem como se amarrar a preocupações mesquinhas. A causa do Reino é o maior investimento de uma vida.
Aquele que não tinha onde repousar a cabeça, deixou-nos este convite: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e sede discípulos meus, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para vós. Pois o meu jugo é suave e o meu peso é leve” (Mt 11,28-30).
Frei Luiz Turra, ‘No Coração da Vida’, Programas Radiofônicos Vol. 02.
COMECE O DIA FELIZ
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