Chegando de novo ao fim de ano
A nossa história e, dentro dela, o nosso viver e conviver, tem um ritmo que, cada vez parece mais acelerado. Todo mundo se queixa que o tempo passa cada vez mais rápido. Não se sabe bem se é a idade que avança para todos, se são as ocupações que aumentam sempre mais e não nos deixam sentados no tempo. Enfim, começa ano e termina também. Parece que foi ontem o abraço de “Feliz ano Novo” e já estamos nos preparando para a corrida de São Silvestre!
Geralmente são maiores as lamentações de que o tempo passa, do que as alegrias de somarmos mais vida aos anos que se vão. E o pior disso acontece quando as pessoas, por verem o tempo correr, fogem para o vazio, achando que não adianta plantar porque não se consegue colher e nem realizar plenamente os próprios sonhos. O ritmo do tempo, mesmo acelerado entre o começo e o fim de ano, necessita de acolhimento como a mais bela peça musical que vai fazendo parte do repertório de nossos hinos.
Pensando bem, nota-se como é importante começar e terminar o ano. Quanta gente começa e não vê o final! Quanto acidente há no percurso! Mas também, quantas oportunidades nos são oferecidas para construir, com elegância divina, o edifício de nossa existência.
A chegada de fim de ano nos confirma que o caminho é irreversível. Passam os anos, passam os meses, passam os dias e as horas também. O tempo passa e nele nós também passamos. Porém, se os calendários vão sendo substituídos por outros, nós continuamos passando sem substituição, porque não somos apenas moradores do tempo, mas, na medida em que somamos anos à vida, necessitamos somar mais vida aos anos e caminhar para a plenitude, na eternidade.
Na cultura consumista que nos envolve, também corremos o risco de achar, que ao consumir coisas, também se possa ir consumindo com a vida. E a vida não nos é dada para ser consumida, mas para ser construída com o passar dos anos. Uma das grandes causas de frustrações e decepções humanas é ceder à tendência de tornar a vida descartável, como se o amanhã não nos cobrasse o investimento de sua qualificação.
Se o passado é a herança que vamos acumulando e a escola que vai nos ensinando, o presente é a nossa oportunidade que necessitamos administrar como um tesouro envolto em vasos de barro. Somos chamados a nos alegrar e nos encantar com o tesouro, porém, não podemos esquecer seu cuidado para que o vaso de barro se rompa e o tesouro se perca.
Mais uma vez estamos chegando ao fim de ano. Este fim não vem fechar as portas da vida, mas carrega consigo as chaves do novo que vai se abrir para a nossa liberdade responsável. A luz de Cristo é a mesma do passado, mas o trecho do caminho é novo para o futuro. Se cansamos com o trajeto percorrido no ano que termina, certamente não nos faltarão as energias do Espírito para renovar o nosso vigor no empreendimento de uma nova jornada. “Deus não nos deu um espírito de covardia, mas de força e de coragem” (2Tm 1,7).
Frei Luiz Turra, ‘No Coração da Vida’, Programas Radiofônicos Vol. 03.
comece o dia feliz
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