Irreversivelmente
Já nem bem chegou a noite
e eu tenho aqui refletida
a primeira estrela
na lágrima tímida
vertida da saudade
que transborda no meu peito
sangrando pelo meu rosto.
A mesma estrela que curti brilhante
no teu olhar distante.
E agora?
O que faço neste embaraçado labirinto
de tantos sonhos loucos
de tantas saudades proibidas
de tantas paixões feridas?
De que me vale o luar
entrando pela janela
se não posso guardá-lo
para as noites de tão obscura solidão?
De que me adianta esse brilho de estrela
se ela está há tantos milhões
de anos-luz de mim?
Pra que sonhar tão lindo mundo
se a realidade é tão cruel
e o céu tão invisível
e tão pesadamente encantado?
De que me serve
esta lembrança tão real de ti
se não posso atrair-te aos meus braços?
Hoje sou o que sou
meio louco, não quero pouco
quero tudo, quero tu
quero nada enfim.
Te quero amante, amada
feito água em todos os estados.
Por todos os meus lados
assim: indo-vindo
irreversivelmente
com a onda do mar!
Zé Vicente, do livro: "Tempos urgentes - poemas", Paulinas Editora.
COMECE O DIA FELIZ
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