O primeiro homem livre da história
Chama atenção o título deste artigo, mas quem o confirma é Santo Irineu de Lion, nos primórdios do cristianismo. “Jesus foi o primeiro homem livre da história”. A liberdade é um bem supremo. Poder desfrutá-la torna a pessoa realmente ela mesma.
Sabemos como é difícil ser livre. Muitos são os condicionamentos que criam barreiras à possibilidade de optar e escolher. Sabemos quantos condicionamentos de ordem econômica, psicológica e, sobretudo, moral, interferem em nosso caminho de liberdade. Porém, o que mais impede o desabrochar de nossa liberdade são os preconceitos e compromissos de conveniência.
Jesus não tinha nenhum preconceito e nenhum compromisso de conveniência, a não ser com a vontade do Pai. Jesus não tinha preconceito nem mesmo contra os fariseus. Dialogava com eles e até frequentava suas casas. Não tinha compromisso de conveniência com ninguém a não ser compromisso com o Pai. O maior elogio dado a Jesus, quem o deu foi um doutor da lei: “Mestre, sabemos que és franco e que ensinas o caminho de Deus com lealdade, sem te preocupares com quem quer que seja, pois não olhas a posição das pessoas” (Mt 22,16).
Por ser assim livre, Jesus podia enfrentar com absoluta independência, o poder religioso e político de sua nação. Esta liberdade de espírito ele a confirmou, sobretudo na hora de sua paixão. Não perdeu, em momento algum, a sua dignidade, como não fez concessão nem resistência alguma a quem o julgava e nem a seus algozes. Diante das autoridades, o Sumo Sacerdote o questionou sobre a sua doutrina e sobre seus discípulos e Ele respondeu: “Eu falei abertamente ao mundo, sempre ensinei nas sinagogas e no Templo, onde todos os judeus se reúnem, e não disse nada em segredo. Por que me interrogas? Interroga os que ouviram o que lhes falei. Eles bem sabem o que eu disse” (Jo 18,19-21).
Um dos algozes repreendeu Jesus e lhe deu uma bofetada: “É assim que respondes ao sumo sacerdote?”. Impassível, Jesus respondeu: “Se falei mal, mostra o que lhe disse de mal. Mas se falei bem, por que me bates?” (Jo 18,22-23). Evidentemente, Jesus é livre e paciente, mas não é covarde. Preso e amarrado, reivindica a liberdade de expressão.
É impressionante a postura do Homem mais livre da história diante de Pilatos: “Tu és Rei?”. Jesus responde: “Sim, tu o dizes. Eu sou Rei” (Jo 19,37). Confirmou que veio ao mundo para dar testemunho da verdade. Pilatos pergunta, mas não espera resposta: “O que é a verdade?”. Busca clarear com os acusadores o motivo de sua raiva e percebe que Jesus se dizia “Filho de Deus” e isto deixou Pilatos inquieto. A verdade é que o governador nunca ouvira um acusado com tanta dignidade. Sua independência absoluta foi manifesta sobretudo na corte do Rei Herodes (Lc 23,8-12). Há muito tempo Herodes queria conhecê-lo. Tinha curiosidade de ver algum milagre. Mas a Herodes, Jesus não disse sequer uma palavra. Seu silêncio o levou a silenciar na cruz, mas a proclamar a liberdade absoluta em sua ressurreição.
Frei Luiz Turra
COMECE O DIA FELIZ
Portal Santo André em Foco
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