A importância de um alfinete
Para quem quer aprender, os acontecimentos da vida podem nos ensinar, desde que estejamos atentos às suas lições. Numa das tantas celebrações de casamento que já abençoei, presenciei um fato, posteriormente avaliado pela própria noiva. Todo o cenário era grandioso: arranjos de flores de rara beleza, orquestra de câmara com música clássica, cortejo de padrinhos, aias e pajens para não por defeito e convidados a rigor.
Abre-se a porta para a entrada da noiva e começa a marcha nupcial. Quando todos se levantam para receber a noiva, acontece um suspense sem explicação. O grande véu, preso a uma coroa, cai ao chão. Os que perceberam se agitaram querendo ajudar. Por sorte a encarregada do cerimonial carregava consigo dois alfinetes. Com rapidez tudo se resolveu e o véu se firmou. Assim voltou a alegria de um ritual sonhado.
Passados alguns dias, vem o casal para uma Missa Dominical. Logo na entrada a noiva comenta o fato ocorrido e conclui: “Aprendi a dar valor a um alfinete que me salvou de um constrangimento”. Em seguida o marido acrescentou: “Um susto inesperado nos deu uma lição: precisamos aprender a valorizar o que parece insignificante, porque tudo na vida tem sua importância”.
Fatos parecidos podem ocorrer a toda a hora. Um passo imprudente pode nos levar a uma queda de risco. Uma decisão acertada pode nos encaminhar a um grande projeto de vida. Um centavo somado a outros pode salvar uma economia. Um copo de água pode nos livrar da desidratação. Um tijolo sobre o outro constrói um edifício. É fácil sonhar com o todo e esquecer o valor das partes.
O cuidado e a atenção às pequenas coisas garantem o êxito das grandes. Aplicando ao modo como vamos tecendo o nosso viver cotidiano, creio ser de extrema verdade e sabedoria a exortação de Jesus Cristo: “Quem é fiel nas coisas mínimas, é fiel também nas grandes” (Lc 16,10). Na parábola dos talentos o Rei chama os servos a quem havia confiado dinheiro e diz ao primeiro: “Muito bem, servo bom, uma vez que te mostraste fiel no pouco, recebe autoridade sobre dez cidades” (Lc 19,15-17).
Hoje, no cenário comercial, ressoam com força as palavras: super, hiper, macro etc. E até na Igreja dos humanos circula a tentação de avaliar a vitalidade da fé pelos números e pelas multidões. O Papa Francisco ganha a aprovação da humanidade pelos seus gestos humanos e humildes, desde um telefonema personalizado, uma carta, um abraço a uma criança e uma cadeira oferecida para um guarda cansado.
Se observarmos com atenção as Parábolas do Reino, comprovaremos a maneira como Cristo quer revelar as grandes verdades. Serve-se da pequena porção de fermento, da semente, quase invisível da mostarda, do tesouro escondido etc. Encerro este artigo lembrando de novo a frase da Madre Teresa de Calcutá: “Em geral não somos capazes de fazer grandes coisas, mas todos podemos fazer as pequenas coisas com grande amor”.
Frei Luiz Turra
COMECE O DIA FELIZ
Portal Santo André em Foco
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