A comunicação simbólica da fé
A humanidade movimenta-se dentro de um imenso mistério de grandezas e experiências surpreendentes. Ao mesmo tempo que as pessoas rezam, também calculam. Movimentam-se entre o mundo transcendente e o mundo concreto que é o nosso chão. Como humanos, sonhamos e fazemos planos matemáticos e precisos.
Nossa mentalidade ocidental ocupa-se muito com o imediato, o visível, o audível, o tangível e o mensurável, em prejuízo das linguagens simbólicas e poéticas. Diz-se que a ciência deve presidir o conhecimento. Esta seria a linguagem séria da objetividade e do rigor. A religião e a arte, por exprimirem sentimentos e estados de ânimo vão ficando na sombra, sem utilidade.
Na verdade esta divisão de linguagem não respeita a nossa mais profunda verdade e não condiz com a revelação do Antigo e do Novo Testamento. A linguagem exata e objetiva da ciência garante-lhe a autenticidade. Porém, somos portadores de sentimentos e desejos ilimitados. Comprovamos que as palavras não são suficientes para manifestar a riqueza de nossos sentimentos.
Faz parte da vida, o recurso aos gestos, sinais e símbolos que nos ajudem a comunicar o que as palavras não são capazes de expressar. A comunicação simbólica é uma grande riqueza à qual o homem sempre recorreu. Os acontecimentos decisivos da existência sempre são acompanhados por linguagens e gestos simbólicos: o nascer, o morrer, as escolhas importantes da vida, o alimento na casa.
Toda a arte da comunicação necessita dos símbolos. A qualidade de nossa experiência de fé não pode deixar de lado esta forma peculiar de comunicação. Nossas igrejas, em geral são monumentos simbólicos de fé, para a fé. Por sermos muito imediatistas e parciais na atenção, nem sempre nos damos conta da riqueza simbólica da fé de nossos vitrais, altares, imagens e até mesmo da arquitetura. O próprio Ano litúrgico, elaborado a partir de uma história, confere ao tempo uma dimensão simbólica da fé, para a fé.
A Bíblia está repleta de símbolos: do jardim do Éden à cidade do Apocalipse, da linguagem dos profetas à linguagem das Parábolas. Até os milagres são entendidos pelo evangelho de João como sinais (cf. Jo 2,11; 4,54; 20,30-31). Deus não se coloca no âmbito das evidências imediatas. A pessoa de fé se dirige a ele e fala dele com a linguagem dos símbolos. Apesar de revivê-lo em tudo, percebe a impossibilidade de falar dele como se fala de outras coisas.
A linguagem simbólica vela e revela. A transcendência de Deus não pode ficar prisioneira de nossos conceitos. Lembramos a comunicação do Mistério de Deus a Moisés no livro do Êxodo. Seu vulto não poderá ser contemplado face a face (Ex 33,18-23. A mesma lógica está nas manifestações do Ressuscitado aos discípulos e a Maria Madalena (cf. Jo 20,11-29).
Frei Luiz Turra
Pesquisa: Arimatéa Porto
COMECE O DIA FELIZ
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