Setembro 30, 2024

MENSAGEM DO DIA - 10 de outubro de 2020

Mais fácil fugir do que arriscar

Afirma-se com critérios objetivos que nós estamos atravessando agora uma “mudança de época”, não apenas época de mudanças rápidas e profundas, como nos afirmava o Concílio Vaticano II. Nossa tendência natural é a de nos acomodar no pequeno mundo de nossos costumes e práticas tradicionais. O ninho quente de nosso mundo pessoal, familiar, ou institucional nos puxa a garantir a segurança, dificultando alçar voos para novos horizontes. Acolher as mudanças é sempre um risco necessário para quem quer superar a mesmice.

O poeta, filósofo e historiador alemão Friedrich Von Schiller diz: “Quem nada arrisca, nada tem direito a esperar”. Popularmente também se diz: “Quem nunca arrisca por medo de errar, já errou por não arriscar”. É mais fácil fugir do que arriscar. Porém, este tipo de atitude é uma das formas de trair nossa condição humana e nossa missão como cristãos no mundo e na história.

Dizia o Cardeal Pirônio: “Quem não é capaz de arriscar a própria segurança humana, ainda não aprendeu a ser cristão”. Não se trata de embrenhar-se em loucas aventuras, nem desperdiçar a própria vida na busca fugaz e superficial de novidades. Trata-se de assumir a cruz pascal como fonte inesgotável do que é sempre novo no Cristo Ressuscitado: “Eu faço novas todas as coisas” (Ap 21,5).

Diante dos riscos e desafios dos tempos novos, há uma única resposta: a fidelidade ao nosso momento. Este é o único tempo colocado por Deus à nossa disposição. “Minha alma está perturbada. E que direi? ‘Pai, livra-me desta hora? Mas foi precisamente para esta hora que eu vim” (Jo 12,27). Dar-nos conta da nossa hora e desejar administrá-la com alegre responsabilidade, é garantir que nossa passagem pela história não é vã, nem de mais alguém, mas de uma pessoa que é única, intransferível, livre e responsável.

Nesta hora de “mudança de época”, a Igreja e o mundo, somos agraciados por uma pessoa cristã que veio “do fim do mundo” para testemunhar a coragem da fé: o Papa Francisco. Sem ficar lamentando a idade, nem fugindo da hora crítica que nos envolve, toma em seus ombros a missão de alavancar a “reconstrução da Igreja” que se vê ameaçada por ruínas.

Em seu primeiro pronunciamento aos Cardeais dizia: “Chega de pessimismo!”. Na abertura do Congresso da Diocese de Roma recordou que “alguns cristãos parecem devotos da deusa lamentação”. Acrescentava que “é necessário dar um testemunho forte e ir em frente, mas também suportar as coisas que não podem mudar”. No mesmo momento convocava os presentes a sair de si mesmo e ir ao encontro das pessoas onde estivessem, como o Bom Pastor que arrisca deixar as noventa e nove ovelhas para procurar a perdida.

Prosseguindo seu pronunciamento e referindo-se ao momento da Igreja, o Papa Francisco afirmou: Hoje, “queridos irmãos, temos uma ovelha e noventa e nove estão desaparecidas. Vamos buscá-las! É mais fácil ficar em casa com uma ovelha, escová-la e acariciá-la... mas o Senhor nos quer pastores e não escovadores de ovelhas...”.

Frei Luiz Turra

Pesquisa: Arimatéa Porto
COMECE O DIA FELIZ
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