Outubro 01, 2024

Ações de bancos recuam após nova medida que limita juro do cheque especial

As ações de bancos figuravam entre as maiores perdas do Ibovespa nesta quinta-feira, após o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovar resolução que muda o desenho do cheque especial, estabelecendo que a taxa de juros do produto não poderá superar 8% ao mês — cerca de 150% ao ano. A medida passa a vigorar em 6 de janeiro de 2020.

Por volta de 10h20, Bradesco PN caía 1,5%, Itaú Unibanco PN cedia 1,4%, Banco do Brasil ON recuava 1,1% e Santander Brasil Unit perdia 1%. No mesmo horário, o Ibovespa tinha queda de 0,2%.

O cheque especial é uma das modalidades de crédito mais caras do país e não tem limite para os juros, ou seja, os bancos têm liberdade para definir a taxa. Dados divulgados mais cedo pelo BC mostram que a taxa média do cheque especial alcançou 305,9% ao ano em outubro, o que equivale a uma taxa de 12% ao mês.

Com o limite imposto agora, o juro anual será de cerca de 150% ao ano, no máximo, de acordo com o Banco Central.

De acordo com o analista Luis Fernando Azevedo, do Banco Safra, o cheque especial represente cerca de 1% a 2% do crédito dos bancos, mas os spreads são muito altos, fazendo com que impacto sobre a margem financeira final, e portanto, para o lucro, possa ser relevante, conforme nota a clientes.

A equipe do Credit Suisse avaliou, no entanto, que o impacto final deve ser limitado, dado que os bancos devem ter uma capacidade de compensar o impacto através de uma taxa para o cliente acessar o produto cheque especial e também pela possibilidade de reduzir o capital alocado, caso necessário.

Os analistas estimam um impacto de R$ 2 bilhões a R$ 6 bilhões para o sistema, algo equivalente a 1% a 3% do lucro líquido para 2020 para os maiores bancos sob cobertura da casa.

"Vale lembrar que a possibilidade de alguma medida nessa linha já havia sendo ventilada há algum tempo e provavelmente pode ter uma parcela de contribuição na performance um pouco pior dos bancos nas últimas semanas", disseram.

Para a equipe de análise da XP Investimentos, a resolução é um sinal negativo para os bancos, principalmente pelo tom do regulador de intervir diretamente no crédito.

Analistas do Bradesco BBI consideraram a medida de limitar os juros "sem precedentes", estimando preliminarmente redução de 33% a 44% na contribuição para o lucro vindo dos empréstimos no cheque especial. Para os lucros dos bancos em 2020, calculam que a decisão pode implicar redução de 1% a 5%.

Reuters
Portal Santo André em Foco

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