Setembro 29, 2024

Dólar opera em alta e chega a bater R$ 4,19 com noticiário sobre Trump e incerteza comercial

O dólar opera em alta nesta quarta-feira (25), atingindo máximas em quase um mês, em dia negativo para ativos de risco no exterior diante de incertezas políticas nos Estados Unidos e de sinais de caminho ainda difícil para um acordo comercial entre EUA e China.

Às 14h35, a moeda norte-americana subia 0,22%, vendida a R$ 4,1783. Na máxima até o momento chegou a R$ 4,1946 – maior cotação intradia desde 27 de agosto (R$ 4,1948). Considerando dados de fechamento, a máxima histórica foi alcançada em 13 de setembro de 2018 (R$ 4,1952).

No acumulado no ano, a alta frente ao real já chega a cerca de 8%. No dia anterior, o dólar fechou praticamente estável, em queda de 0,05%, cotado a R$ 4,1692.

Estrategistas do Credit Suisse veem potencial de o real testar novamente as máximas históricas, destaca a Reuters. O argumento é a mudança recente do discurso do Banco Central, que tem sinalizado novos cortes na taxa básica de juros. O maior valor intradia já registrado foi no dia 24 de setembro de 2015, quando o dólar chegou a R$ 4,2484.

A previsão da maior parte do mercado, até o momento, é de que a taxa deve cair para 5% ao ano até o fechamento de 2019, mas há há bancos projetando uma redução maior, para 4,5% ao ano, o que indica que o diferencial de juros com os Estados Unidos deve recuar ainda mais. Isso pode levar a uma maior saída de capital estrangeiro do país, especialmente de fundos especulativos, em busca de melhor remuneração.

Impeachment contra Trump e guerra comercial
No exterior, os mercados reagiam à percepção de aumento de incerteza política nos EUA depois que a Câmara dos Deputados do país afirmou que iniciará um inquérito formal de impeachment contra o presidente Donald Trump. A acusação é de que ele violou a lei ao tentar recrutar um poder estrangeiro para interferir a seu favor na eleição de 2020.

O temor de investidores é que Trump perca mais capital político, o que eventualmente dificultaria um acordo comercial com a China, ou mesmo novo aumento de gastos pelo governo dos EUA um ano antes das eleições presidenciais, destaca a Reuters. Mas o impeachment de Trump é visto pelo mercado como muito pouco provável, tendo em vista que o Senado americano é controlado pelos republicanos, partido do presidente.

"O pedido de impeachment contra Trump foi recebido com poucas crenças, afinal, poucos acreditam que o senado, que tem sua maioria apoiando Trump, irá ser a favor de tirar o presidente, na verdade, muitos acreditam que isso possa até favorecer sua reeleição", disse em nota a sócia-diretora da FB Wealth, Daniela Casabona.

A questão sobre o comércio com a China também afetava os mercados nesta sessão, após Trump fazer um discurso considerado duro no dia anterior, no qual fez críticas explícitas a práticas comerciais chinesas.

"O fato é que os mercados não então reagindo ao impeachment diretamente, no momento estão mais preocupados com os desdobramentos da guerra comercial. Com o fato de Trump ter criticado novamente a China, acusando-a de manipular o câmbio", disse em nota Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.

Nesta quarta, Wang Yi, ministro das Relações Exteriores da China e conselheiro de Estado, reagiu dizendo que Pequim não tinha intenção de "jogar Game of Thrones no cenário mundial", mas disse que Washington respeitar a soberania chinesa. Ele afirmou ainda esperar resultados positivos nas próximas negociações.

Cenário local
Do lado doméstico, investidores seguiam atentos ainda ao noticiário sobre a reforma da Previdência. A votação do parecer do relator Tasso Jereissati (PSDB-CE) sobre as emendas apresentadas à reforma da Previdência, prevista para ocorrer na terça-feira na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, foi adiada novamente, desta vez para a semana que vem.

"Quanto mais você jogar para frente essa questão da Previdência, pior. O mercado precisa que isso se resolva o mais rápido possível e rapidez não parece fazer parte dos planos dos parlamentares", afirmou à Reuters Alessandro Faganello, operador de câmbio da Advanced Corretora.

Nesta sessão, o BC vendeu todos os us$ 580 milhões ofertados em moeda física e negociou ainda todos os 11.600 contratos de swap cambial reverso ofertados - nos quais assume posição comprada em dólar.

G1
Portal Santo André em Foco

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