O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira (23), que a queda nos preços de energia poderá levar a inflação a cair de 9% para 5% ou 4% ao ano. "Já o trabalho de reduzir a inflação de 4% para 2% é diferente. Precisamos estar preparados", afirmou, durante sua participação no 18º International Investment Seminar, promovido pelo Moneda Asset Management, em Santiago, no Chile.
As tarifas de energia elétrica ficaram 5,78% mais baratas em julho, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O motivo foi a LCP (Lei Complementar) nº 194, que entrou em vigor, em 27 de junho de 2022, que passou a classificar a energia elétrica, combustíveis, transportes e comunicações como itens essenciais, estabeleceu um teto de 18% para as alíquotas de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) cobradas nas contas. Antes, a maior parte dos estados cobrava alíquotas de ICMS que variavam entre 25% e 30%.
Além da queda da inflação no Brasil, no evento, Campos Neto falou sobre os preços das commodities, que já começam a diminuir, e sobre a desaceleração da economia dos Estados Unidos, fato que já "está dado", não é mais questionado pelo mercado. "Devemos nos preocupar com o que virá com essa desaceleração dos EUA, se vem inflação ainda alta", completou.
O presidente do BC acrescentou que muitos países não estão com a política monetária em "território restritivo", o que é necessário para controlar a inflação, e explicou que o Brasil começou a subir juros mais rápido. "Os mercados dizem que a maior parte do trabalho no Brasil está feito", afirmou. "As condições financeiras ficaram apertadas muito rápido. Temos que fazer nosso trabalho, as condições financeiras são muito voláteis."
Campos Neto avalia que os bancos centrais ao redor do mundo falharam em ver que os preços de energia já estavam subindo antes mesmo da crise na Ucrânia. Para ele, isso ocorreu porque, com a pandemia, houve um aumento no consumo de bens, em detrimento do consumo de serviços. "A inflação da energia no Brasil está caindo devido às medidas recentes do governo", completou.
Agência Estado
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