O ministro da Economia, Paulo Guedes, estuda isentar o Imposto de Renda de títulos privados de empresas brasileiras a investidores estrangeiros. A medida foi adiantada em reunião com a categoria, nos Estados Unidos, e a avaliação da equipe econômica é de que a concessão gere um impacto de R$ 450 milhões aos cofres públicos.

A ideia é que, com a isenção, empresas que tenham investido no setor privado brasileiro consigam melhores capitalizações, com obtenção de empréstimos mais baratos no exterior. A medida foi adiantada pelo R7 em fevereiro.

Atualmente, os investidores de fora já são isentos de pagar o Imposto de Renda em aplicações em títulos da dívida pública e em ações. Em títulos de empresas, a incidência é de 15% sobre os ganhos de capitais. A ampliação da medida visa, ainda, assegurar isonomia tributária a quem investe de fora.

No entanto, nos bastidores, a medida já traz divergências. Analistas e auditores fiscais avaliam que a justificativa não se sustenta, já que os cidadãos brasileiros pagam impostos sobre as aplicações em títulos públicos. "Vale lembrar que boa parte dos supostos não residentes são, na verdade, brasileiros com recursos no exterior, que se travestem com facilidade de empresa estrangeira, quase sempre sediada em paraíso fiscais", afirmou ao R7 o presidente do Sindifisco (Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil), George Alex Souza.

Antes de viabilizar a isenção, a equipe econômica trabalha para encontrar uma forma de compensar a perda de arrecadação.

Ao anunciar a medida em Miami, nos Estados Unidos, Guedes ressaltou números positivos brasileiros no intuito de atrair novos negócios. Para uma plateia de aproximadamente 40 pessoas e em reunião reservada ao público, o ministro destacou a queda do desemprego e disse que a inflação está controlada, diferente da situação estadunidense.

Guedes tem dito que a inflação no Brasil deve cair de 10 % para 5% este ano. "Como o país retirou incentivos monetários e fiscais durante a pandemia, a inflação do Brasil pode ser menor que a dos EUA neste ano", afirmou o ministro em entrevista nos Estados Unidos.

R7
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