Associações de agricultores do Brasil apontaram nesta terça-feira (8) problemas nas entregas de agrotóxicos, que teriam sido comercializados, mas não entregues por empresas, o que colocaria em risco lavouras de milho do país, assim como a dessecação da soja para a colheita.
As entidades afirmaram "que receberam nas últimas semanas inúmeras reclamações de produtores de todo o país que adquiriram o herbicida atrazina, usado na cultura do milho, mas que até agora não receberam o produto das empresas que o comercializam", segundo comunicado da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja).
A Aprosoja disse que o problema também afeta dos filiados à Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho).
"Diante deste cenário de incertezas, Aprosoja Brasil e Abramilho vêm a público manifestar preocupação com o desabastecimento de produtos no mercado brasileiro, o que coloca a segunda safra do milho sob forte ameaça", afirmou.
O atrazina é o principal agrotóxico para a cultura do milho.
Não ficou imediatamente clara a razão do problema no mercado, as empresas envolvidas ou se ocorre no atacado ou no varejo.
No final do ano passado, um especialista da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) afirmou que muitos produtores só conseguiram receber insumos agrícolas após pagarem um valor adicional, em meio a custos crescentes dos produtos.
Associações de produtores também pediram ao governo federal providências sobre a alta de preços de defensivos e o cancelamento de pedidos.
Segundo a nota da Aprosoja, reclamações sobre cancelamento de entregas também envolvem o herbicida Diquat, utilizado para dessecação da soja, "e que também está em falta no mercado".
Conforme as entidades, diante da baixa oferta de agrotóxicos, os produtores correm o risco de não conseguirem produzir o milho.
"Isto porque este (atrazina) é o único herbicida para ervas daninhas de folha larga, e que também é usado para controle da soja RR voluntária entre as plantas de milho", disse.
O milho segunda safra, em rotação com a soja, é responsável pelo abastecimento de mais de 70% do suprimento do mercado brasileiro do cereal.
A falta do defensivo, afirmou a Aprosoja, cria ainda mais dificuldades para os produtores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul e de parte de São Paulo, "que foram seriamente atingidos pela estiagem na primeira safra de milho, e traz impactos também ao consumidor final".
Diante disso, o setor pede a liberação e registros de empresas que tenham condição de produzir volumes de atrazina suficientes para o abastecimento do mercado brasileiro na safra atual, assim como seja liberada a importação de produtos de países do Mercosul.
Reuters
Portal Santo André em Foco
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