Entre janeiro e junho de 2019, o tempo médio de espera do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para pacientes graves foi muito maior do que o recomendado. Segundo um levantamento da TV Globo via Lei de Acesso à Informação (LAI), nas cinco capitais que enviaram as informações, o tempo médio variou entre 15 minutos e 38 minutos.
De acordo com a Associação Brasileira de Resgate e Salvamento, o tempo ideal deveria ser de até 10 minutos.
O Samu foi adotado em 2004 para tentar atender pacientes de forma mais eficiente e rápida, sem deixar sequelas e causar mortes desnecessárias. O serviço passou a ser expandido e, atualmente, está presente em 3,6 mil municípios, com uma cobertura de 83% da população.
Para fazer o levantamento, a TV Globo acionou as prefeituras de todas as capitais brasileiras via LAI ou pela assessoria de imprensa, e pediu o tempo médio de atendimento para os casos considerados de alta gravidade no período de janeiro a junho de 2019.
Das 27 capitais, apenas Campo Grande, Fortaleza, João Pessoa, Manaus e São Paulo enviaram os dados respectivos a esses casos. Brasília e Porto Alegre informaram apenas o tempo médio de socorro para todos os casos atendimentos, independentemente da gravidade. No Rio de Janeiro, a assessoria de imprensa da Prefeitura afirmou que o serviço do Samu não é ligado ao governo municipal, mas sim ao Corpo de Bombeiros.
As demais capitais não responderam ao pedido da reportagem.
Tempo médio de atendimento
Chance de sobrevivência
Segundo Edison Teixeira, presidente da Associação Brasileira de Resgate e Salvamento, o padrão definido como o ideal seria que as ambulâncias levassem menos de dez minutos entre o período em que os atendentes recebem a ligação até a chegada do socorro aos pacientes.
“São estudos feitos no mundo inteiro e que demonstram que aqueles pacientes graves se beneficiam quando os primeiros socorros são realizados rapidamente”, explicou ele.
O atendimento é financiado por governo federal, estados e municípios. Os repasses da União correspondem a 50% do orçamento do Samu. Os valores cresceram entre 2004 e 2015, tiveram uma queda em 2016 e têm se mantido estáveis nos últimos anos.
“Cada minuto diminui a chance de essa pessoa sobreviver em quase 10%. Por que que é importante esse atendimento rápido? É a diferença entre a pessoa sobreviver ou morrer”, disse Gerson Salvador, diretor do sindicato dos médicos de São Paulo e infectologista.
Lentidão no pedido
Na cidade de São Paulo, gravações de rádio das equipes de socorro mostram que, muitas vezes, a central demora para encaminhar o pedido de atendimento às ambulâncias.
Um paciente localizado no viaduto da Lapa, na região Oeste da capital paulista, chamou o socorro por volta das 21h58 e o pedido chegou às 22h23 para a equipe de atendimento. Só a comunicação interna antes da saída para resgate demorou 25 minutos.
Os recursos de São Paulo vêm do governo federal e da prefeitura – o estado tem um serviço próprio. Em 2019, orçamento do Samu para a metrópole foi de R$ 90 milhões e foram gastos R$ 59 milhões, ou seja, 65% do dinheiro previsto.
A secretaria da Prefeitura de São Paulo disse à TV Globo que “os problemas se repetem há anos”, e que “está reestruturando o Samu” e contratando 361 profissionais.
Macas em falta
Nem sempre o problema está relacionado à ineficiência do Samu, e está ligado à falta de infraestrutura de alguns hospitais. A reportagem do Jornal Hoje mostrou casos em que devido à redução do número de leitos, o paciente precisava continuar o atendimento com a maca dentro do hospital. Sem o equipamento, a ambulância não pode seguir viagem.
Para casos de atendimento mais simples, a demora pode ser ainda maior. A reportagem chegou a encontrar o caso de um paciente com esquizofrenia que torceu o tornozelo e a ambulância só foi acionada 18 horas depois do acidente.
Em João Pessoa, uma mulher chamou o serviço em trabalho de parto, mas acabou tendo o bebê no sofá de casa.
O que dizem as prefeituras
Sobre os casos, a assessoria de imprensa da Prefeitura de João Pessoa informou que recebeu 9 ambulâncias e que está melhorando ao atendimento.
Já a Prefeitura de Campo Grande disse que “vários fatores interferem no tempo de atendimento, como a disponibilidade de ambulâncias, o número de ocorrências, e o trânsito”. A meta, segundo a administração, é adotar medidas para a redução do tempo de espera para atendimento em 2020.
A Prefeitura de Manaus afirmou que faltam ambulâncias e que no segundo semestre deste ano foram entregues 27 novos veículos, o que deve agilizar o atendimento. A assessoria de comunicação também respondeu que a retenção de macas em hospitais é outro problema que é enfretado.
Em Fortaleza, a prefeitura informou que está ampliando o número de bases e que pretende, até o final do ano que vem, chegar a um tempo de resposta de até 10 minutos para os chamados”.
G1
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