Novembro 25, 2024

Samu demora mais do que o tempo recomendado para atender casos graves em 5 capitais

Entre janeiro e junho de 2019, o tempo médio de espera do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para pacientes graves foi muito maior do que o recomendado. Segundo um levantamento da TV Globo via Lei de Acesso à Informação (LAI), nas cinco capitais que enviaram as informações, o tempo médio variou entre 15 minutos e 38 minutos.

De acordo com a Associação Brasileira de Resgate e Salvamento, o tempo ideal deveria ser de até 10 minutos.

O Samu foi adotado em 2004 para tentar atender pacientes de forma mais eficiente e rápida, sem deixar sequelas e causar mortes desnecessárias. O serviço passou a ser expandido e, atualmente, está presente em 3,6 mil municípios, com uma cobertura de 83% da população.

Para fazer o levantamento, a TV Globo acionou as prefeituras de todas as capitais brasileiras via LAI ou pela assessoria de imprensa, e pediu o tempo médio de atendimento para os casos considerados de alta gravidade no período de janeiro a junho de 2019.

Das 27 capitais, apenas Campo Grande, Fortaleza, João Pessoa, Manaus e São Paulo enviaram os dados respectivos a esses casos. Brasília e Porto Alegre informaram apenas o tempo médio de socorro para todos os casos atendimentos, independentemente da gravidade. No Rio de Janeiro, a assessoria de imprensa da Prefeitura afirmou que o serviço do Samu não é ligado ao governo municipal, mas sim ao Corpo de Bombeiros.

As demais capitais não responderam ao pedido da reportagem.

Tempo médio de atendimento

  • João Pessoa: 38 minutos
  • São Paulo: 28 minutos
  • Campo Grande: 22 minutos
  • Manaus: 20 minutos
  • Fortaleza: 15 minutos

Chance de sobrevivência
Segundo Edison Teixeira, presidente da Associação Brasileira de Resgate e Salvamento, o padrão definido como o ideal seria que as ambulâncias levassem menos de dez minutos entre o período em que os atendentes recebem a ligação até a chegada do socorro aos pacientes.

“São estudos feitos no mundo inteiro e que demonstram que aqueles pacientes graves se beneficiam quando os primeiros socorros são realizados rapidamente”, explicou ele.

O atendimento é financiado por governo federal, estados e municípios. Os repasses da União correspondem a 50% do orçamento do Samu. Os valores cresceram entre 2004 e 2015, tiveram uma queda em 2016 e têm se mantido estáveis nos últimos anos.

“Cada minuto diminui a chance de essa pessoa sobreviver em quase 10%. Por que que é importante esse atendimento rápido? É a diferença entre a pessoa sobreviver ou morrer”, disse Gerson Salvador, diretor do sindicato dos médicos de São Paulo e infectologista.

Lentidão no pedido
Na cidade de São Paulo, gravações de rádio das equipes de socorro mostram que, muitas vezes, a central demora para encaminhar o pedido de atendimento às ambulâncias.

Um paciente localizado no viaduto da Lapa, na região Oeste da capital paulista, chamou o socorro por volta das 21h58 e o pedido chegou às 22h23 para a equipe de atendimento. Só a comunicação interna antes da saída para resgate demorou 25 minutos.

Os recursos de São Paulo vêm do governo federal e da prefeitura – o estado tem um serviço próprio. Em 2019, orçamento do Samu para a metrópole foi de R$ 90 milhões e foram gastos R$ 59 milhões, ou seja, 65% do dinheiro previsto.

A secretaria da Prefeitura de São Paulo disse à TV Globo que “os problemas se repetem há anos”, e que “está reestruturando o Samu” e contratando 361 profissionais.

Macas em falta
Nem sempre o problema está relacionado à ineficiência do Samu, e está ligado à falta de infraestrutura de alguns hospitais. A reportagem do Jornal Hoje mostrou casos em que devido à redução do número de leitos, o paciente precisava continuar o atendimento com a maca dentro do hospital. Sem o equipamento, a ambulância não pode seguir viagem.

Para casos de atendimento mais simples, a demora pode ser ainda maior. A reportagem chegou a encontrar o caso de um paciente com esquizofrenia que torceu o tornozelo e a ambulância só foi acionada 18 horas depois do acidente.

Em João Pessoa, uma mulher chamou o serviço em trabalho de parto, mas acabou tendo o bebê no sofá de casa.

O que dizem as prefeituras
Sobre os casos, a assessoria de imprensa da Prefeitura de João Pessoa informou que recebeu 9 ambulâncias e que está melhorando ao atendimento.

Já a Prefeitura de Campo Grande disse que “vários fatores interferem no tempo de atendimento, como a disponibilidade de ambulâncias, o número de ocorrências, e o trânsito”. A meta, segundo a administração, é adotar medidas para a redução do tempo de espera para atendimento em 2020.

A Prefeitura de Manaus afirmou que faltam ambulâncias e que no segundo semestre deste ano foram entregues 27 novos veículos, o que deve agilizar o atendimento. A assessoria de comunicação também respondeu que a retenção de macas em hospitais é outro problema que é enfretado.

Em Fortaleza, a prefeitura informou que está ampliando o número de bases e que pretende, até o final do ano que vem, chegar a um tempo de resposta de até 10 minutos para os chamados”.

G1
Portal Santo André em Foco

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