Novembro 25, 2024

Um mês após volta do comércio, João Pessoa tem alta de mortes por Covid-19 em relação ao mês anterior

Um mês após a reabertura do comércio, João Pessoa registrou um aumento no número de mortes por Covid-19 em relação ao mês anterior. Por outro lado, uma redução de 2.059 no número de novos casos confirmados do novo coronavírus na cidade foi observada, quando comparado aos 30 dias antes da volta das atividades. Apesar dessa queda no número de casos notificados, foram registradas 33 mortes a mais, quando analisado o mesmo período de tempo.

Desde a flexibilização, foram 7.033 novos casos e 270 novas mortes em decorrência do novo coronavírus, até o último boletim divulgado pela Secretária de Saúde do Estado (SES), nesta quinta-feira (13).

Apesar da queda em novos casos registrados, médicos apontam que a diminuição não deve ser confundida com uma amenização da pandemia e alertam para um possível aumento no número, dentro das próximas semanas.

  • Antes da reabertura do comércio, de 13/06 a 13/07:
    9.092 casos e 237 mortes registrados
  • Depois da reabertura do comércio, de 14/07 a 13/08:
    7.033 casos e 270 mortes registrados

Os cálculos desta matéria são feitos com dados do boletim do dia posterior ao dia analisado, para analisar a totalidade de casos registrados na data. O comércio reabriu em 13 de julho. Em 14 de julho, a cidade chegou à marca de 16.930 casos de contágio por coronavírus e 471 mortes.

Já nesta quinta-feira (13), 30 dias depois da volta do comércio, este número subiu para 23.963 casos e 741 mortes, uma diferença de 7.033 casos e 270 mortes, quando comparado ao dia de reabertura do comércio.

No mesmo intervalo de 30 dias, analisado antes da reabertura do comércio, os números de casos confirmados eram maiores, enquanto que o de mortes eram menores. Em 13 de junho, o número era de 7.610 pessoas com o novo coronavírus e 221 mortes pela doença. Em 13 de julho, foram 16.702 casos e 458 óbitos. Foram 9.092 novos casos e 237 mortes registradas no mesmo período de tempo observado.

Testagem
O médico infectologista Fernando Chagas observa uma diminuição na procuras dos serviços de saúde pois o momento de pânico e medo da doença, que aconteceu durante as primeiras confirmações da doença na Paraíba, passou. Neste período, se procurava serviços médicos a qualquer sintoma ou sinal de infecção. O padrão agora são pacientes buscarem auxílio em estágios mais avançados.

“Provavelmente as pessoas que evoluíram para uma forma grave neste momento de abertura, mais expostos, eles ainda vão aparecer, ainda vão procurar os hospitais”.

O infectologista explica que demora cerca de 14 dias o período de incubação do vírus e mais 10 dias para se apresentar a forma grave da doença. Ou seja, uma parcela significativa de pessoas estão adoecendo desde a reabertura do comércio, mas ainda não procuraram o Sistema Único de Saúde.

Ele chama esta fase de período de penumbra e ressalta que somente nas próximas semanas que poderá ser visto se, de fato, está ocorrendo uma diminuição no número de casos.

Transmissibilidade
Segundo o Secretário Executivo de Gestão da Rede de Unidades de Saúde na Paraíba, Daniel Beltrammi, a razão na queda no número de novos casos se dá porque a taxa de transmissibilidade da doença diminuiu. De acordo com ele, a medida que o tempo passa, cada vez mais pessoas vão sendo contaminadas em escala exponencial.

"A certa altura, independente de aberturas e reformadas, o número de susceptíveis a doença passa a ser menor. Antes da reabertura, passado um mês do primeiro caso, lá no início da pandemia, estava perto de 3 e hoje está perto de 1. Ou seja, antes um infectado transmitia para outras 3 pessoas em média. Hoje transmite apenas para outra pessoa, em média", explica.

Daniel afirma que a queda na taxa se dá pois um número grande de pessoas já teve contato com o vírus e ressalta que entre 70% e 80% das pessoas que têm contato com o vírus ficam assintomáticas, mas mesmo assim transmitem a doença.

Interiorização
Outro fator que causa uma sensação de diminuição de casos em João Pessoa, de acordo com Fernando Chagas, é a interiorização da doença. Ele observa que hospitais da capital possuem uma quantidade significativa de pessoas do interior.

Em um primeiro momento, a grande maioria dos casos da doença no estado estavam em João Pessoa. Apesar da capital ainda ser o foco na Paraíba, existem outros grandes polos de infecção do novo coronavírus, o que dissemina o contágio e por consequência, diminui o número de novos casos na cidade.

Imunização de manada
O infectologista afirma que existe um “efeito protetor”, causado pela imunização de pessoas que foram expostas ao vírus.

“Por exemplo eu fui exposto ao vírus e tenho imunidade. Minha esposa também tem imunidade. Consequentemente minhas filhas têm menos risco de serem contaminadas por nós dois, mesmos os dois dentro da área de saúde porque eu já tenho imunidade contra o vírus. Se eu tomar cuidado com contato, que seria a forma de transmissão, trazendo do hospital para casa, eu não vou transmitir para ela através de gotículas de respiração”.

Este é um fator que também contribui para a menor transmissibilidade, o que o médico chama de imunização de manada, no qual a quantidade de pessoas positivas na cidade evita o contágio de outros ao seu redor, que não tiveram de forma alguma contato com o vírus.

Precaução com as flexibilizações
Para o secretário executivo de Gestão em Saúde, Daniel Beltrammi, é necessário lembrar que há grupos populacionais que supostamente ainda não foram expostos. A comunidade escolar, por exemplo, que circulou e circula muito pouco, ainda é extremamente susceptível. Por isto, o período pede cuidado com as flexibilizações e reaberturas.

"Mais de 570.000 estudantes das redes municipais e estadual, mais os da rede privada, além de 160.000 idosos com doenças crônicas. Mais de 800.000 pessoas muito susceptíveis, o que poderia produzir uma nova ignição da pandemia com explosão de casos e internações... Por isso também não podemos retomar escolas".

Já o infectologista Fernando Chagas afirma que, nesta semana, particularmente, a ocupação de leitos no Complexo de Doenças Infectocontagiosas Clementino Fraga, referência no tratamento da doença na Paraíba, caiu. Apesar disso, existe uma sensação de diminuição de casos que não deve ser confundida uma amenização da pandemia.

"Espero que continue assim, né (no Clementino Fraga)? Mas a tendência é um aumento de casos novos nos próximos dias".

G1 PB
Portal Santo André em Foco

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