A Paraíba registrou nos três primeiros meses de 2020 um número de hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) 578% maior do que o mesmo período de 2019. Entre janeiro e março deste ano, foram internados nos hospitais da Paraíba 536 pacientes com síndromes respiratórias, contra 79 internações notificadas no primeiro trimestre do ano passado, de acordo com números do Sistema de Informações de Vigilância da Gripe (Sivep-Gripe).
Conforme dados obtidos pelo G1 por meio da Lei de Acesso à Informação, parte deles divulgados nos boletins epidemiológicos 9 e 10, indicam que o salto no número de hospitalizações na Paraíba por Srag começou na semana epidemiológica 12, iniciada no dia 15 de março, com 122 internações.
O padrão de mais de 100 internações por Srag foi seguido nas semanas consecutivas pelo menos até a semana epidemiológica 15. O documento aponta ainda que na semana epidemiológica 11, compreendida pelo Ministério da Saúde entre os dias 8 e 14 de março, já tinha sido registrado um número atípico de internações, com 30 casos de Srag contra nove casos na mesma semana de 2019.
A título de comparação, no recorte temporal em que a Paraíba passava a registrar mais de 100 hospitalizações por síndromes respiratórias graves, com 122 casos de Srag hospitalizados na semana epidemiológica 12, o estado apresentava 27 casos suspeitos para o coronavírus em 15 de março, um índice quase cinco vezes maior do que notificado apenas para suspeita de Covid-19.
O período de aumento de internações por Srag coincide com a chegada do novo coronavírus (Sars-Cov-2) no estado, que registrou seu primeiro caso confirmado para a Covid-19 no dia 18 de março. No balanço geral de semanas epidemiológicas de 1 a 15, foram 536 internados por Srag contra um total de 101 casos confirmados de coronavírus acumulados até o dia 11 de abril, quando se encerrou a semana 15.
O confronto dos dados é mais um indício de subnotificação, ou ainda da demora que incorre entre a notificação de um caso suspeito e a confirmação para o novo coronavírus. O secretário de Saúde da Paraíba, Geraldo Medeiros, chegou a afirmar ao G1 que o processo de testagem em massa, a partir dos kits de teste rápidos, que começaram a ser distribuídos na sexta-feira (24), deveria reduzir a subnotificação e apresentar um quadro mais próximo da realidade.
A taxa de letalidade da Paraíba, uma das maiores do Brasil, é outro número que aponta uma distância curta entre os casos de morte e o número de confirmados, indicando que o número de casos confirmados no estado é maior do que o notificado oficialmente. “A utilização dos testes rápidos vai permitir uma testagem maciça da população e consequentemente maior identificação de casos confirmados e queda no percentual de letalidade”, disse Geraldo Medeiros à época.
Na missão de reduzir a subnotificação, o governo da Paraíba endureceu as regras para notificação compulsória dos laboratórios privados que testam para o novo coronavírus, uma recomendação que também foi ratificada pelo Ministério Público Federal (MPF) entre outros órgãos de fiscalização. Até 21 de abril, a SES investigava mais de 2,2 mil casos de síndrome respiratórias para Covid-19.
G1 PB
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