A defesa do Padre Egídio de Carvalho Neto, ex-diretor do Hospital Padre Zé, em João Pessoa, solicitou à 4ª Vara Criminal da Comarca de João Pessoa, o anexo de 35 testemunhas no processo em que o religioso é acusado pelo Ministério Público da Paraíba de desviar cerca de 140 milhões em recursos da entidade filantrópica. Entre os nomes solicitados, estão o governador da Paraíba, João Azevêdo, o secretário de estado da saúde, Jhony Bezerra, e o arcebispo da Paraíba, Dom Manoel Delson.
O documento é uma resposta à denúncia de que Egídio teria desviado uma quantia de R$ 193.440,00, sendo R$ 122.000,00 para a compra de um veículo, em nome da segunda acusada, e o valor de R$ 71.440,00 na forma de fraude em contrato de locação, pelo período de 20 meses.
Entre as demais testemunhas, estão, ainda, o presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, Adriano Galdino (PSB), o secretário de estado da administração, Tibério Limeira; a secretária de estado de desenvolvimento humano, Pollyana Dutra, o secretário municipal de saúde de João Pessoa, Luis Ferreira. (veja a lista completa no fim da matéria)
O pedido de inclusão dessas testemunhas foi protocolado em uma ação na qual a defesa pede à Justiça a rejeição da denúncia do MPPB por “inépcia e pela ausência de justa causa para início da ação penal”.
O advogado de defesa Luciano Santoro entende que as testemunhas podem contribuir com o esclarecimento dos fatos. "São pessoas que nós entendemos que são importantes e que, na verdade, não são testemunhas de uma ou outra parte mas são testemunhas do processo e estarão lá para esclarecer os fatos e contribuir no encontro da verdade", enfatiza.
Rol de testemunhas solicitado pela defesa
O que diz a denúncia
Segundo a denúncia, os recursos para a compra do carro foram retirados de um Termo de Colaboração firmado pelo Instituto Padre Zé com o Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Humano (SEDH), para execução de distribuição de alimentos para pessoas em situação de rua de Campina Grande e Guarabira.
A locação foi custeada por recursos de emenda parlamentar repassados de um Termo de Fomento com a Secretaria de Saúde de João Pessoa. O objetivo do convênio era atender venezuelanos na capital.
O Ministério Público calcula que a soma da compra do carro e pagamento pela locação apontam para um desvio de R$ 193,4 mil. A denúncia também traz registros de movimentação financeira nas contas do instituto e investigados, além de anotações que indicam transações.
Quando começou a investigação?
A operação ‘Indignus’ foi deflagrada na manhã do dia 5 de outubro, mas as irregularidades no Hospital Padre Zé começaram a ser investigadas quando mais de 100 aparelhos celulares foram furtados da instituição. Esse caso foi tornado público em 20 de setembro. A denúncia, no entanto, foi feita em agosto e imediatamente um inquérito policial foi aberto. Um suspeito, inclusive, chegou a ser preso, mas responde em liberdade e cumpre medidas cautelares.
Padre Egídio deixou a direção do hospital logo após a denúncia sobre o furto de celulares. Os celulares foram doados pela Receita Federal, oriundos de apreensões, e seriam vendidos em um bazar solidário para comprar uma ambulância com UTI e um carro para distribuição de alimentos para pessoas em situação de vulnerabilidade.
No desenrolar das investigações do furto, a Arquidiocese da Paraíba anunciou que estava afastando o padre Egídio de qualquer ofício ou encargo eclesiástico. Na prática, ele fica proibido de ministrar missas ou qualquer outro sacramento da igreja.
Após o furto dos celulares, uma denúncia anônima foi apresentada ao Ministério Público da Paraíba apontado uma série de irregularidades na gestão do padre Egídio.
Na terça, 3 de outubro, uma força-tarefa composta por órgãos públicos da Paraíba foi formada para investigar irregularidades no Hospital Padre Zé.
O Hospital Padre Zé, em João Pessoa, afirmou que constatou inúmeras dívidas que comprometem sua funcionalidade após avaliar a situação operacional, funcional, contábil e financeira da instituição. A gestão disse que a primeira providência foi solicitar ao Ministério Público da Paraíba uma ampla auditoria em todas as contas, contratos, convênios e projetos do hospital.
g1 PB
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