O delegado Ramirez São Pedro, da Polícia Civil da Paraíba em Campina Grande, falou nesta sexta-feira (7) sobre as investigações que levaram à prisão de Eva Bertrand de Araújo Carvalho, viúva do delegado de polícia aposentado Paulo Bertrand Medeiros de Carvalho. O delegado morreu em 23 de março de 2021 e a primeira informação era a de que ele tinha sofrido um enfarto, mas as investigações encontraram vestígios de remédio e de veneno no organismo da vítima, o que fez a polícia trabalhar com a hipótese de homicídio.
O Ministério Público da Paraíba, inclusive, indiciou tanto Eva como a filha da viúva, Larissa Pessoa, acusada de coparticipação no crime. A justiça de Campina Grande, no entanto, só decretou a prisão de Eva. Já contra Larissa, foram determinadas "medidas cautelares diversas".
Paulo Bertrand tinha três filhos de um primeiro casamento e estava no segundo casamento. Eva e sua filha moravam numa casa com a vítima e, de acordo com a Polícia Civil, ambas tramaram a morte do delegado aposentado.
A defesa das acusadas negam essa versão. O advogado Lázaro Costa, que defende as duas, disse discordar da prisão preventiva e defende a tese de que o homem na verdade se suicidou. "Não existe nenhum elemento que possa gerar indícios de crime por parte de minhas clientes", declarou.
Ramirez São Pedro, no entanto, declara que a versão de suicídio só foi levantada pelas acusadas depois que foram encontradas as substâncias do corpo de Paulo, e que antes ambas garantiam que tudo a morte tinha sido natural.
Chamam a atenção do delegado uma mudança de rotina no dia da morte justamente para não estarem em casa na hora do óbito, uma pressa em conseguir um atestado de óbito indicando a morte por enfarto e a tentativa de apressar o enterro do homem morto.
Os filhos de Paulo Bertrand, inclusive, que moram fora da cidade, só foram avisados da morte horas depois. E por puro acaso um deles estava na cidade no dia da morte. Foi esse filho quem também se surpreendeu com a pressa da viúva e chamou a polícia, exigindo que o corpo do pai passasse por uma perícia no Núcleo de Medicina e Odontologia Legal de Campina Grande (Numol-CG). Foram essas investigações no corpo que encontraram as substâncias letais.
Márcio Leandro, que é o coordenador do Numol, declarou que no organismo do delegado aposentado foram encontrados Gardenal e veneno de rato popularmente chamado de chumbinho. "O remédio em grande quantidade atua diretamente no sistema nervoso central, podendo causar depressão respiratória", explicou Márcio. "Essa associação entre as duas substâncias foi determinante para a morte", completou.
Para o delegado Ramirez São Pedro, tudo foi planejado por interesse financeiro, principalmente pela esposa. "Eva Pessoa dependia financeiramente da vítima", pontuou.
Mãe e filha foram indiciadas por homicídio qualificado e fraude processual em coautoria.
g1 PB
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