Novembro 27, 2024

Homem rendido atingido por tiro não letal critica truculência da PM da PB: ‘queria me virar para conversar’

O homem que foi alvo de um tiro à queima-roupa de munição não letal por parte de policiais militares da Paraíba falou sobre como foi a abordagem da PM, no último dia 24, em João Pessoa. “Eu estava apenas dizendo que não era nenhum vagabundo, e que queria me virar para conversar. O que aconteceu aí foi uma forma brutal da PM, e truculenta”, disse o homem, que não quis se identificar, ao programa Bom Dia Paraíba nesta segunda-feira (27).

O caso aconteceu na Rua Presidente Félix Antônio, no bairro de Cruz das Armas, e foi flagrado por câmeras de segurança de um estabelecimento comercial da rua. No vídeo, é possível ver quando o homem, rendido, com as mãos na cabeça, está sendo abordado por quatro policiais. Em um determinado momento, um dos policiais usa spray de pimenta contra o homem que, ao se virar para questionar, é atingido por um tiro de munição não letal.

“Eu saí da minha casa por volta de 21h30 em direção ao depósito de bebidas para comprar cigarro, pois eu estava em uma confraternização com a minha família. [...] As imagens de segurança não pegaram o início da abordagem, mas já fazia mais de 10 minutos que eu estava sendo coagido, ameaçado, oprimido, xingado com todas as palavras de baixo calão que vocês imaginarem”, disse a vítima.

O homem também mostrou que a barriga ficou ferida pelo tiro e que a boca está cortada por causa do spray de pimenta. “Eu fui abordado e em nenhum momento resisti à abordagem. Tratei os policiais com respeito, obedeci todos os comandos, eles já tinham me revistado, puxado meu nome via Ciop e, como eu disse, não tenho nenhum problema com a justiça, não sou nenhum vagabundo. Eu não portava absolutamente nada ilegal. [...] Enfim, eu clamo por Justiça e peço uma resposta do Estado”, concluiu.

De acordo com o tenente-coronel Marques Júnior, comandante do 1º Batalhão da Polícia Militar da Paraíba, responsável pela área onde aconteceu a abordagem, os policiais envolvidos na ação já foram afastados das ruas ao setor administrativo.

“Eles devem responder aos seus atos, de maneira individualizada, dando direito ao contraditório, à ampla defesa, mas eles vão responder junto à Corregedoria da Polícia Militar, pelos fatos praticados”, disse o comandante.

Ainda de acordo com o tenente-coronel, este tipo de abordagem não é orientação da corporação nem do que é ensinado por meio do Centro de Educação da PM. “Em todos os cursos, prezamos pela dignidade da pessoa humana. Há orientação quanto ao uso desses armamentos, destes mecanismos menos que letais. Todos os policiais são orientados para agir com uso proporcional da força, essa é a orientação do comando da corporação”, disse.

Conforme Marques Júnior, os quatro envolvidos devem ser ouvidos nesta segunda-feira (27) e em 30 dias o procedimento deve ser concluído. “A Corregedoria se coloca à disposição da vítima para que ele possa ser ouvido e que todos os fatos sejam apurados”, completa o PM.

g1 PB
Portal Santo André em Foco

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