O laudo finalizado pelo Núcleo de Medicina e Odontologia Legal (Numol) confirmou que o menino de 7 anos, vítima de maus tratos na cidade de Boqueirão, na Paraíba, foi torturado. De acordo com o chefe do Numol, Márcio Leandro, o prolongamento das agressões caracteriza a tortura.
A criança deu entrada no Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande, em estado de desnutrição e com ferimentos no dia 10 de julho, à noite. De acordo com a Polícia Civil, a criança estaria sofrendo maus-tratos praticados pela mãe, em Boqueirão, Cariri da Paraíba. O padrasto da criança também está sendo investigado
Conforme o laudo do Numol, já entregue à Polícia Civil, existem lesões abertas e cicatrizadas, comprovando que a criança foi agredida por um longo período de tempo. Conforme explica Márcio Leandro, no momento do exame o menino estava muito debilitado, desnutrido e com um quadro de anemia profunda.
"Tinha lesões por todo corpo, nas costas e lesões nos glúteos, o que indica que ele passou bastante tempo imóvel, imobilizado, por estar acorrentado. As agressões foram tão prolongadas que se tornou tortura", explica o chefe do Numol.
A criança deve passar por cirurgias plásticas após tratamento dos ferimentos no Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande. Segundo informações repassadas pela unidade de saúde, o menino tem um ferimento tão grave na cabeça que vai precisar passar por uma cirurgia plástica para reconstituir o tecido lesionado. O diretor-técnico do hospital Gilney Porto, explicou que é preciso primeiro esperar a cicatrização dos ferimentos.
De acordo com Márcio Leandro, uma reavaliação precisa ser feita na criança para que sejam identificados os graus das lesões que devem permanecer no menino. No entanto, isso só vai acontecer após a cirurgia.
O menino de 7 anos permanece internado no Hospital de Trauma de Campina Grande, com estado de saúde considerado estável. Ainda não há previsão de receber alta médica.
Suspeitos ouvidos
A mãe e o padrasto da criança foram ouvidos pelo delegado Iasley Almeida, responsável pelo caso, e após depoimento, foram liberados. De acordo com o delegado, não havia situação de flagrante e por isso os suspeitos foram liberados. A polícia segue colhendo provas materiais e testemunhais sobre o caso.
O Conselho Tutelar informou à polícia ter recebido denúncias de que havia uma criança em estado de desnutrição e com ferimentos, devido a maus-tratos praticados pela própria mãe, como queimaduras com vela e acorrentada pelos pés. O problema foi percebido por professores e pela diretora da escola onde a criança estuda, depois que o menino chegou muito magro e sem forças para se manter em pé.
Iasley Almeida explicou que os indícios apontam que a mãe do menino estava tentando matá-lo mediante tortura. “A criança que veio morar com a mãe nos últimos dois meses estava sendo acorrentada pelos pés, sofrendo queimaduras, agredida com fios. Mostrando que estava sendo torturada psicologicamente. Não sendo alimentada. Tudo isso nos mostra que a mãe tinha a intenção de matar a criança mediante tortura”, contou Iasley Almeida.
G1 PB
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