Novembro 26, 2024

Suspeito de matar Patrícia Roberta vai responder por feminicídio com ocultação de cadáver

Jonathan Henrique G. dos Santos, de 23 anos - suspeito de assassinar a jovem Patrícia Roberta, em João Pessoa - vai responder pelos crimes de feminicídio e ocultação de cadáver. O amigo dele, Marcos Melo dos Santos, foi liberado mas também deve responder por esconder o suspeito, que era procurado pela polícia.

Mais informações sobre o caso foram divulgadas nesta quarta-feira (28) durante uma coletiva de imprensa com a presença das polícias Civil, Militar e do Corpo de Bombeiros.

Em depoimento, Jonathan preferiu não se pronunciar e só deve falar em juízo. Por enquanto, ele é o único suspeito do crime e a polícia vai investigar se o feminicídio foi premeditado. A audiência de custódia realizada nesta quarta-feira (28) determinou que Jonathan vá pro presídio do Roger, em João Pessoa, após quarentena na Central de Polícia.

A causa da morte de Patrícia ainda não foi desvendada. A perícia congelou o corpo da jovem para facilitar a análise, devido ao estado de decomposição. Também foram solicitados exames sexológico e toxicológico. Ainda está sendo analisado o sangue que foi encontrado em fronhas no apartamento de Jonathan.

Também prestou depoimento à polícia, por duas vezes, a namorada de Jonathan, que está grávida dele, com 5 meses de gestação. Segundo o depoimento dela, ele chegou a contar que encontraria com Patrícia na sexta-feira, mas ela garantiu que passou boa parte do fim de semana em Mangabeira com ele.

Portanto, enquanto Patrícia estava presa no apartamento dele Gramame, Jonathan e a namorada estariam em Mangabeira. Ele a teria deixado na casa da mãe dela no domingo à noite, quando a namorada teve o último contato com o suspeito.

A lista com nomes de mulheres que foi encontrada no apartamento de Jonathan segue sob investigação. Entre os nomes, estavam o de Patrícia Roberta e também da namorada dele.

Algumas mulheres fizeram denúncias à polícia sobre comportamento agressivo e abusivo de Jonathan, o que deve ser analisado nas investigações. Segundo a delegada Emília Ferraz, as denúncias são sobre a conduta dele contra pessoas do sexo feminino.

A perícia também deve traçar um perfil psicológico de Jonathan com base em materiais encontrados no apartamento dele, incluindo a lista com nomes de mulheres e "escritos perturbadores", conforme a perita Amanda Melo.

Jonathan tem histórico de cometer atos infracionais análogos aos crimes de furto e ameaça, segundo a polícia.

A polícia segue investigando o caso, inclusive a existência de possíveis cúmplices. O prazo para conclusão do inquérito é de 10 dias, mas a delegada Emília Ferraz adiantou que deve pedir a prorrogação do prazo devido à demora para o resultado dos exames.

Cronologia antes do desaparecimento
Patrícia Roberta deixou de responder as mensagens da mãe no domingo (25), mas desde a sexta-feira (23) havia saído de Caruaru para João Pessoa. Desde então, manteve contato com a mãe, mas o pai não sabia da viagem.

Sexta-feira, 23 de de abril
Por volta das 17h, Patrícia mandou uma mensagem para a mãe avisando que estava saindo de Caruaru para João Pessoa. Enviou um vídeo e, por volta das 22h, disse que havia chegado na capital paraibana.

Sábado, 24 de abril
No sábado, ainda em conversas no WhatsApp, Vera Lúcia confirmou com a filha se ela havia levado algum documento e ela disse que sim. Por volta das 11h, elas conversaram por chamada de vídeo.

De acordo com a mãe, nessa conversa, ela percebeu a filha abatida e triste. Perguntou o que havia acontecido e ela confessou à mãe que Jonathan havia saído e deixado ela trancado em casa. Vera teria dito para Patrícia pedir socorro e que usasse o dinheiro que havia levado. Mas Patrícia respondeu dizendo que havia perdido o dinheiro.

Na noite do mesmo dia a mãe pediu notícia e Patrícia disse que ainda não havia nenhuma novidade, Jonathan ainda não havia chegado. A jovem voltou a pedir que nada fosse comentado com o pai. Em entrevista durante as buscas policiais pelo corpo da filha, Paulo Roberto declarou que, certa vez, Patrícia queria levar Jonathan na casa deles e Paulo não concordou.

"Se [ele] não aparecer, eu falo com a senhora", disse Patrícia para a mãe.

Domingo, 25 de abril
Às 10h, Vera Lúcia falou com a filha e pediu notícias. Ela respondeu dizendo que Jonathan havia avisado que estava voltando para casa. "Eu só quero ir pra casa", revelou Patrícia à mãe. Às 11h46, Patrícia avisou que Jonathan havia chegado e que voltaria junto com ele para Caruaru. "Já comprou as passagens", contou.

Depois disso, a mãe respondeu e não tever mais retorno. A última mensagem enviada por Vera Lúcia para Patrícia pedia respostas, por volta das 16h45, mas a filha já estava desaparecida.

Terça-feira, 26 de abril
As buscas foram iniciadas pelas Polícias Civil e Militar na região do bairro de Gramame, em João Pessoa, onde fica o apartamento que Jonathan Henrique recebeu Patrícia Roberta. Durante as investigações, moradores contaram à polícia que tinham visto o suspeito sair em uma moto com algo que parecia ser um corpo em cima de uma moto e que, antes disso, ele saiu com um carrinho de mão, com um tambor de lixo em cima.

Em posse dessas informações, a polícia encontrou o corpo de Patrícia Roberta na tarde da terça-feira, em uma região de mata, dentro do tambor de lixo. O corpo estava envolvido com plástico e lençol e os pés da jovem estavam amarrados.

Durante a noite, um amigo de Jonathan foi preso suspeito de envolvimento no crime. A partir disso, a Polícia Civil chegou até a localização de Jonathan, que no fim da noite desta terça-feira foi preso e encaminhado para a carceragem da Central de Polícia Civil.

Perícia durante as buscas
Quando o corpo de Patrícia Roberta foi encontrado, uma perícia foi realizada no local. Uma das peritas responsáveis, Amanda Melo, revelou que, pela cena encontrada, existe a suspeita que a jovem tenha sido morta pelo menos 48 horas antes do corpo ter sido encontrado, devido ao estado de decomposição que estava.

Além disso, ela declarou que o suspeito, provavelmente, levou algum tempo para amarrar o corpo e envolvê-lo com plásticos e lençol. Segundo Amanda Melo, um dos plásticos era de colchão novo, o que leva a crer que o suspeito teria saído para buscar o material.

Uma perícia também foi realizada no apartamento do suspeito. No local, o Instituto de Polícia Científica encontrou uma lista com o nome de Patrícia e de outras mulheres, um altar com livros de ocultismo e "escritos perturbadores". Um dos escritos do jovem continha conteúdos como "à noite eu saio pra matar" e "você é uma menina boazinha e eu sou um cara mau, você não consegue me entender".

G1 PB
Portal Santo André em Foco

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