Conversas entre os vereadores de Santa Rita que foram presos acusados de fazerem viagens de turismo com dinheiro público revelam uma preocupação do grupo em não chamarem atenção do público em geral para eles e para a viagem que fariam a Gramado, no interior do Rio Grande do Sul.

Um arquivo em áudio dessa conversa foi exibida nesse domingo (17) pelo programa Fantástico, da TV Globo, que trouxe ainda fotos inéditas dos parlamentares fazendo turismo pela cidade gaúcha.

Os dados fazem parte das provas que a Polícia Civil e o Ministério Público da Paraíba têm sobre o caso.

Especificamente sobre o áudio, um dos vereadores envia para um grupo de aplicativo de bate-papo algumas orientações sobre como se portar antes da viagem e como proceder na chegada ao aeroporto, em Recife, a capital pernambucana por onde eles embarcaram.

A ideia é sempre a de não chamar atenção:

"Amigos do grupo, tenham o maior cuidado do mundo pra quem a gente fala pra onde a gente vai, que horas a gente vai sair. Quando chegar no aeroporto, pra gente não ficar aglomerado. Já vai lá, faz o check-in, já entra na sala", recomenda o vereador.

Delegado do caso, Allan Murilo Terruel destaca que fica evidenciado de que a viagem foi de turismo. Que, apesar do motivo oficial ser um evento de capacitação profissional, aquilo foi tudo forjado:

"Dá para perceber que não tem um conteúdo pré-definido. Eles ficam um pouquinho lá, para ter essa imagem de que efetivamente participaram (do evento), para depois... o objetivo principal da viagem é curtir o passeio", explica o delegado da Polícia Civil da Paraíba.

Para o advogado Alberdan Coelho, no entanto, não há dúvidas de que a viagem era mesmo para a participação de evento de capacitação profissional, e logo justificável de ser paga com verba da Câmara Municipal de Santa Rita:

"Tanto a defesa tem documentos que comprovam isso, como o próprio Ministério Público diligenciou e atestou in loco que o evento aconteceu. Se fosse uma armação, as passagens, as hospedagens e as diárias não teriam sido publicadas no portal da transparência", comentou.

O caso segue na 1ª Vara Criminal de Santa Rita. Os vereadores, ao menos por ora, respondem ao processo em liberdade e ainda nos respectivos cargos.

G1 PB
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