Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) estão investigando se a colocação de rochas no sopé da barreira do Cabo Branco , construção conhecida como enrocamento, seria responsável por reduzir a faixa de areia da praia e, consequentemente, aumentar a erosão da calçadinha, área que foi destruída pela intensa ação do mar. O grupo analisa há cerca de seis meses um trecho que vai da Praia do Seixas até a Praia do Cabo Branco, em João Pessoa, e o resultado ainda não é conclusivo.
A obra do enrocamento foi entregue em novembro de 2020, com objetivo de criar um obstáculo entre a base da falésia do Cabo Branco e as ondas que a atingiam com forte intensidade e provocavam sua erosão. “O enrocamento foi feito para proteger a barreira da erosão, está protegendo parcialmente, mas está causando erosão em outros lugares”, explica o professor e coordenador da pesquisa, Saulo Vital.
O pesquisador explica que uma corrente marítima arrasta sedimentos da Praia do Seixas em direção à Praia de Cabo Branco. Nesse processo, a areia deveria ser depositada ao longo da costa, mas os sedimentos não conseguem seguir para Cabo Branco porque ficam presos nas pedras do enrocamento, faltando areia no trecho próximo à rotatória.
A pequena faixa de areia permite uma maior ação do mar na calçadinha e, consequentemente, aumenta a erosão do local. “A areia da praia protege a costa da erosão. O que está entre o continente e o mar é a faixa de areia da praia, que é responsável por separar as duas coisas. Sem ela o mar avança e invade o continente. A areia tem uma função de amortecimento”, explicou.
Os pesquisadores identificaram que por ficar presa no enrocamento, a areia pode estar acumulando na Praia do Seixas, o que pode aumentar a faixa de areia da região. Saulo Vital destaca que até o próprio enrocamento está começando a ficar parcialmente coberto de areia enquanto falta em Cabo Branco.
Pesquisa vai avançar
Saulo Vital destaca que os resultados da pesquisa não são conclusivos. Apenas com 1 ano de observação da região é que os resultados podem ser considerados concretos e dois anos para se tornarem definitivos. “O estudo está encaminhando para esse entendimento, mas não é uma conclusão fechada e provada”, afirmou.
A pesquisa é desenvolvida pelo Laboratório de Estudos Geológicos e Ambientais (LEGAM) da UFPB, a partir de uma parceria entre o grupo de pesquisa em geomorfologia e gestão dos riscos naturais, coordenado por Saulo Vital, e o grupo de estudos e pesquisas sobre o espaço costeiro, com coordenação de Cristiane Moura. O projeto é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O g1 questionou a Secretaria de Planejamento da Prefeitura de João Pessoa sobre a obra do enrocamento, mas não recebeu resposta até a publicação desta reportagem.
Em abril deste ano, a Prefeitura de João Pessoa anunciou a construção de uma contenção da calçadinha com a implantação de estacas-prancha. Segundo a gestão, a tecnologia é utilizada para evitar que a movimentação do mar degrade a parede da calçadinha. As estacas-pranchas possuem encaixes que formam uma parede de retenção. Também será feita a recomposição da área que sofreu erosão para nivelamento da calçada.
A Prefeitura também planeja reconstruir a própria calçadinha e a ciclofaixa. Também prevê a implantação de paisagismo, bancos, academias e um espaço de contemplação.
g1 PB
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